O autocaravanismo está a ajudar a combater a sazonalidade do turismo em Vila Real de Santo António, onde centenas de pessoas do norte e centro da Europa estão a lotar os dois parques, constatou a Lusa no local.
Os dois parques estão localizados na sede de concelho, junto ao rio Guadiana, e na localidade balnear da Manta Rota, ao lado da praia, e têm permitido à empresa municipal Sociedade de Gestão Urbana (SGU) obter uma “rentabilidade interessante” durante os meses de inverno, com “20 mil ocupações/ano”, depois de um investimento inicial “diminuto”, como disse à Lusa o administrador da SGU, Pedro Pires.
A mesma fonte contou que os dois parques de autocaravanas, com cerca de 120 lugares cada, concentram um número de pessoas que permite, por exemplo, “dar vida à população da Manta Rota, que é diminuta”, e fazer “um contraponto à sazonalidade”, mantendo em atividade cafés, restaurantes ou supermercados no inverno.
“O investimento foi diminuto. Era um parque de estacionamento que de inverno estava desocupado, criámos as estações de descarga dos sanitários, uma receção, wifi para todos usufruírem e cedemos eletricidade, mais do que isto não foi preciso. Foi feito com muito baixo custo e tem uma rentabilidade interessante”, afirmou Pedro Pires, sublinhando que criaram também “sete ou oito postos de trabalho”.
O administrador da SGU frisou ainda que os dois parques têm “saldo positivo”, com “uma receita anual a ultrapassar os 200 mil euros, com um custo que não chega a 100 mil euros ano”.
Armando Marques, um dos utentes dos parques, disse à Lusa que alugou a sua casa nas Caldas da Rainha e vive agora na autocaravana, praticando um turismo que considerou ser uma “opção de vida” e uma forma de combater a sazonalidade do tradicional turismo algarvio de sol e praia.
“É evidente que este turismo não é bom para encher hotéis, mas [é bom] ao nível de restauração e do comércio local”, afirmou.
“Se estiverem aqui cento e tal autocaravanas, estão aqui à volta de mil pessoas; se cada uma delas gastar, em média, por mês, 250 a 300 euros em comida, e estou a falar por baixo, veja quanto é que entra aqui por mês, nesta época do inverno, em que isto está vazio, tirando os espanhóis que vêm cá ao fim de semana”, exemplificou.
Outro utente, Manuel Ferreira, reside em França há 46 anos, está reformado e todos os anos em que tem possibilidade, vai para o Algarve na autocaravana passar o inverno, “porque o sol é fantástico e o clima ótimo”.
“Vinha no verão quando tinha aqui a minha falecida mãe, mas agora venho mais no inverno derivado ao clima, porque em França ele é um bocadinho rude”, explicou.
O clima é também um dos motivos que fazem Albino Silva, também emigrante em França reformado, optar pelo Algarve no inverno.
“Sou de perto da Covilhã, fui para a França com 14 anos e meio, residi em França sempre e venho passar aqui as férias de inverno, porque lá há muito mais frio do que aqui. Estou reformado e automaticamente venho aqui aproveitar o bom tempo e sol do Algarve”, justificou.
Por: Lusa