POESIA por Isidoro Cavaco
Ai meu rico Santo António
Que saudades do tostão,
Meu noivo é um demónio
E sem um euro na mão.
Já saltei tanta fogueira
Ó meu qu’rido S. António,
Sem arranjar quem me queira
P’ra celebrar matrimónio.
Santo António folião
Só quer arranjar maridos,
Às meninas de calção
E com decotes compridos.
Até mesmo no cortejo
Não pára de me beijar,
Implorando em cada beijo:
Para com ela casar.
Santo António espertalhão
Viu passares a noite inteira,
De manjerico na mão
Ali perto da fogueira.
Com o calor da fogueira
A brincadeira aumentou,
E depois na rua inteira
Toda a gente comentou.
Com a fogueira bem vivinha
Saltaste de modo brusco,
A saia era curtinha
Ficou cheirando a chamusco.
Fomos à festa e depois,
Vê lá o que o Santo fez,
Para lá fomos só dois,
P’ra casa voltamos três
Santo António já não tem
Para todas um marido,
Porque há homens que também,
Lhe fazem esse pedido.