Cónios

09:38 - 14/05/2016 OPINIÃO
GENEALOGIA por Manuel da Silva Costa | mscosta2000@hotmail.com
O Cineticum era como o Algarve era conhecido na Antiguidade e os Cinetes ou Cónios os seus habitantes (fig. Estela do Guerreiro).

Este povo está na origem da invenção da agricultura, no Neolítico, período com início há 10 000 anos na Anatólia (Raposo, 1994). Estas inovações chegaram à Ibéria há 6800 anos.

Há 5100 anos tem início o Calcolítico (era do cobre), com origem no vale do Tejo, que se expandio pela Europa Ocidental, como testemunham os monumentos megalíticos e a cerâmica campaniforme.

A tecnologia do Bronze (liga de cobre e estanho) surge há 5500 anos, na Anatólia e chega a Portugal por volta de 3800. Durante o “Bronze Final”, 3300 anos atrás, agrupam-se culturalmente, na “Franja Atlântica Ocidental”, Portugal, Galiza e Bretanhas (Cunliffe, 1997).

Os Fenícios vindos do atual Líbano eram mareantes e traficantes de minérios como prata, ouro, cobre e estanho. Introduziram a “1ª Idade do Ferro”, a escrita, a rega, a oliveira, a alfarrobeira… Fundam Cartago, importam a prata do rei Argantonius de Tartessos e Balsa (Tavira) e Ossónoba (Faro) no Cineticum terão origem Fenícia (sec.VIII a.C.), tal como Olissipo (Lisboa).

Seguiram-se os invasores Celtas originários no centro da Europa. Os Lusitani, de entre Durius e Tagus, de língua Indo-europeia arcaica, serão seus representantes. Introduziram a “2ª Idade do Ferro”, o centeio, o linho e fundaram Lacóbriga (Lagos). Heródoto refere a presença de Celtici junto aos Cónios, entre os séculos V e IV a.C., altura em que começam a rarear as inscrições cónias ou “Escrita do Sudoeste”. Os Lusitanos saqueam o Cineticum e arrasam a capital Conistorgis em 151 a.C. (Schulten, 1940). Seguiu-se, já durante a ocupação Romana, segundo Estrabão, a deslocação de ordas Lusitanas para Sul (Mattoso, 1992).

O marcador genético masculino hp.Y – G2a, dos povos do Neolítico, está presente em 10% dos Algarvios (Beleza et al. 2005). As mais elevadas frequências (40%) correspondentes aos hp.mt. (femininos), indicam quão belicosa foi a “celtização” do Cineticum.