POESIA por Isidoro Cavaco | isidorocavaco@gmail.com
Já é tarde p’ra viver
Neste meu entardecer
Que se aproxima veloz;
Da vida que Deus me deu
Há um resto que sou eu
Farrapo sem cais nem foz.
Olhando o que não vivi
Não sei onde me perdi
E nem sequer porque errei;
Meu futuro é já passado
Neste viver magoado
Das ilusões que sonhei.
Neste meu tempo sem tempo
Onde os sonhos são lamento
A rasgar minha alma f’rida;
Na saudade onde rastejo
Já não sonho nem desejo
Mais vida na minha vida.
Neste viver indif’rente,
Vagueando lentamente
Já me sinto naufragar,
Sozinho num cais deserto
Sem ter nem longe nem perto
E onde é tarde p’ra voltar.