«Devíamos livrar-nos da ideia de fazer do tempo (de trabalho) um indicador da produtividade», quem o diz é o fundador da Trivago

22:09 - 07/07/2016 OPINIÃO
por Nélia Marcos | Gestora Licenciada em Ciências da Comunicação - Comunicação Empresarial | neliamarcos@gmail.com

Em entrevista ao Observador, Rolf Schroemgens , reforçou ainda que “ Ligar a produtividade às horas de trabalho, é um completo absurdo”.

A opinião não é nova mas são poucos os que passam da teoria à prática. Na Trivago, os funcionários definem o seu próprio horário porque se acredita que pessoas que passam 8 a 10 horas em frente a um computador, não poderão nunca ser criativas, estar concentradas e fazer um trabalho de excelência durante tantas horas seguidas.

Há pessoas mais produtivas de manhã, outras à tarde. Se estiverem a trabalhar no período em que melhor produzem, farão mais e melhor, em tempo inferior.

Esta estratégia de produtividade já é usada com alguma frequência noutros países. Na Suécia, por ex, os estudos mostraram que os funcionários diminuíram as faltas, aumentaram a motivação e o engagement com a empresa. O dia de trabalho mais curto aumentou efetivamente a produtividade e deixou as pessoas mais felizes no trabalho.

Por cá, vamos falando disso timidamente...Para além de tudo, implica uma mudança de chip, pois estamos habituados a chefias que valorizam o tempo que as pessoas passam na empresa, que olham ao relógio quando o funcionário entre e sai e que pedem justificações escritas quando há um atraso de 15min ou quando o filho está doente.

Em Portugal, estamos frequentemente a fazer estudos que mostram que a produtividade é baixa. Há quem argumente que no Algarve é por causa do calor, no Norte por causa da chuva, no Alentejo porque as pessoas “são moles”…

A Alemanha, por ex, tem horários de trabalho inferiores aos nossos e apresenta o dobro da produtividade. Será que é porque lá não chove nem faz frio?

Mas a mudança de mentalidade tem que acontecer de ambas as partes. Se pensarmos que os picos das consultas nas redes sociais estão maioritariamente no período de horário de expediente, percebemos que o foco do trabalhador é disperso. Para trabalhar menos horas ou definir o seu próprio horário de trabalho, há que ter um grau de maturidade, rigor e auto crítica elevado que deve ser promovido pela empresa mas essencialmente impulsionado pelo próprio colaborador.