A Comissão de Utentes da Via do Infante considera que continua plenamente justificada a continuação da luta pela suspensão das portagens no Algarve.
Com efeito, o anúncio pelo governo de proceder a uma redução de apenas 15%, a partir de 1 de agosto, no valor das taxas de portagens na Via do Infante (e outras ex-scuts), só pode constituir uma brincadeira de mau gosto, visto tratar-se de reduções deveras insuficientes, ridículas mesmo.
O anterior governo PSD/CDS ao impor as portagens no Algarve provocou um grave prejuízo a esta região – que vive particularmente da atividade turística – a nível social, económico e humano (neste último caso com a morte de tantos utentes, vítimas na fatídica EN 125). Agora este novo governo - em que o Algarve depositava a esperança de colocar um ponto final a toda esta tragédia – não só continua a manter as portagens, não cumprindo promessas em sentido contrário de acordo com o anunciado pelo 1º Ministro, reconhecendo que a EN 125 era um verdadeiro “cemitério”, como parece andar a brincar com utentes e populações que aspiram a ver-se livres de umas portagens injustas, ilegais e até criminosas. Onde estão os 50% de redução prometidos pelo PS? Também se torna verdadeiramente incompreensível e até vergonhoso que o PS se alie ao PSD e CDS chumbando todas as propostas pela abolição das portagens que outras forças políticas têm apresentado na Assembleia da República.
O verão já vai avançado e agosto está à porta. Desde o início do ano o Algarve já foi palco de cerca de 5.000 acidentes de viação (10.000 por ano), grande parte na EN 125, uma autêntica “rua urbana” – uma média anual de 35 mortes e 165 feridos graves na região. A requalificação marca passo, as obras continuam em pleno verão e os acidentes disparam com muitas vítimas mortais e feridos graves. Além do sofrimento que representam as filas lentas e muito demoradas com a circulação nessa via, levando-se cerca de 3 horas a percorrer uma distância de 60 quilómetros em determinadas horas do dia.
Por outro lado, não existem quaisquer obras de requalificação no percurso situado entre Vila Real de Santo António e Olhão, na EN 125, agora da responsabilidade da Infraestruturas de Portugal, encontrando-se a via totalmente degradada, o que contribui para aumentar os acidentes. Na renegociação do contrato com a Rotas do Algarve Litoral, o Estado e os utentes foram os grandes prejudicados e a concessionária foi a grande beneficiada – uma autêntica burla levada a cabo pelo anterior governo e que este governo não tem coragem de anular.
Assim, impõe-se a continuação e radicalização da luta pela suspensão das portagens na Via do Infante este verão. Perante a gravidade da situação – o Algarve não aguenta mais sangue derramado de vítimas inocentes perante a irresponsabilidade de decisões erradas, injustas e nefastas – a Comissão de Utentes propõe ao 1º Ministro e ao seu Governo que suspendam imediatamente as portagens no Algarve (antes de agosto) e durante todo o verão, sendo feito neste período um estudo sobre as consequências da introdução de portagens no Algarve. Se os resultados forem positivos – o que a Comissão de Utentes não acredita – então o Governo terá legitimidade para voltar a colocar as portagens em vigor, mas se forem negativos então não haverá mais portagens no Algarve. Está lançado o desafio.
Como oportunamente já foi divulgado, vão ocorrer nos próximos dias mais ações pela suspensão das portagens, algumas de forma radical. Depois do êxito que constituiu a presença da Comissão de Utentes no desfile dos motards em Faro a semana passada, a CUVI relembra o seguinte:
No dia 23 de julho, sábado, terá lugar uma marcha lenta de viaturas na EN125, com partida pelas 17.00 horas junto ao Motoclube do Guadiana, na localidade de Aldeia Nova, Vila Real de Santo António, terminando em Conceição de Tavira.
No dia 31 de julho, domingo, será promovida uma nova macha lenta de viaturas pela EN125, com partida de Almancil (junto ao supermercado Apolónia) pelas 11.00 horas, terminando em Fonte de Boliqueime.
No mês de agosto irão recrudescer as ações pela suspensão das portagens por todo o Algarve, algumas de surpresa. E caso o 1º Ministro ou o Presidente da República passem férias no Algarve, poderão contar com protestos anti-portagens junto às suas residências de veraneio.
Por CUVI