Marés e tempos de deslocação dificultam retirada de doentes das ilhas barreira de Olhão

09:24 - 03/09/2016 OLHÃO
Marés, tempos de deslocação em terra e por barco, cais de embarque ocupados ou bloqueados são constrangimentos e dificuldades sentidas retirada de urgência de pessoas das ilhas barreira da Ria Formosa em Olhão, alertou hoje o capitão do porto.

Nunes Ferreira, capitão do porto de Olhão, tem a seu cargo a retirada de pessoas doentes ou acidentadas nas ilhas barreira da Fuseta Mar, Armona, Culatra, Hangares e Farol e identificou estes constrangimentos e dificuldades durante um simulacro promovido pela Autoridade Marítima e que consistiu no transporte, a partir da ilha deserta da Culatra, de uma pessoa que tinha sofrido um traumatismo na praia.

“A nossa intenção com este simulacro é fazer chegar à população o porquê de muita das vezes demorar uma hora a chegar” a assistência à ilha do Farol, disse o comandante Nunes Ferreira. “Há sempre um procedimento até serem ativados os meios, que têm de estar com uma prontidão de 30 minutos, no caso da Autoridade Marítima Nacional e do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), e depois temos o tempo de chegada até lá”, acrescentou.

O capitão do porto de Olhão referia-se ao tempo que o 112, o Centro de Orientação de Doentes Urgentes e o Centro de Operações Marítimas levam a determinar o grau de emergência e os meios que enviam para o local (barco, ambulância, helicóptero, salva-vidas ou lanchas) e depois o tempo de deslocação pelos canais da Ria Formosa até à zona onde o socorro é necessário.

Este procedimento pode fazer o socorro demorar até uma hora a chegar à Fuseta Mar, uma das praias mais concorridas e onde a distância por barco é mais longa (20 minutos) ou, no melhor dos casos, levar 40 minutos até à Armona, mas é necessário contar também com a distância entre o local de socorro e o cais de embarque, se o cais está ocupado ou se a zona de evacuação já em Olhão foi bloqueada por um automobilista que estacionou na entrada, dificultando a movimentação das ambulâncias, acrescentou.

Apesar de todas as dificuldades e constrangimentos, o capitão do porto de Olhão congratulou-se por ainda não ter tido esta época balnear nenhuma vítima mortal e ter feito, entre janeiro e agosto, mais 20% de retiradas do que em período homólogo do ano passado (112 em 2015 e 151 em 2016).

O capitão de porto justificou este aumento com a ocorrência de muitos dias com vento sueste e ondulação forte durante o verão e que estiveram na origem de traumatismos e acidentes, menos frequentes com os ventos mais habituais de sudeste.

 

Por: Lusa