O Algarve é a única região do país que conta com uma equipa de consultas de cuidados paliativos, no âmbito dos cuidados de saúde primários, disponível aos utentes no Centro de Saúde de Tavira.
Depois de ter sido pioneiro na criação de equipas domiciliárias no país, quando, em 2007, disponibilizou à população uma das primeiras Equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados Paliativos ao domicílio, o Algarve volta a estar em destaque com a nova consulta interdisciplinar e única a nível nacional, disponível no Centro de Saúde de Tavira (Agrupamento de Centros de Saúde/ ACES Sotavento) através da ARS Algarve IP. Para o mês de novembro está prevista a entrada em funcionamento de mais uma consulta no Centro de Saúde de Vila Real de Santo António.
Esta consulta de cuidados paliativos permite que os utentes possam aceder à mesma, por iniciativa própria, ou através do seu médico de família, colocando este tipo de cuidados mais próximos do cidadão, melhorando a qualidade dos cuidados de saúde e a humanização dos serviços.
«Há utentes e familiares, ou cuidadores, que me dizem que a vida deles mudou desde que têm o apoio dos cuidados paliativos por nós prestados», destaca a Dra. Fátima Teixeira, Coordenadora da Equipa Comunitária de Cuidados Paliativos do ACES Sotavento, que esteve na base deste projeto e foi a coordenadora regional desde 2007 até ao presente ano, sendo que atualmente integra também a Comissão Nacional de Cuidados Paliativos.
Os utentes seguidos na consulta são doentes com doenças crónicas avançadas e progressivas, entre as quais neoplasias, doenças neurológicas (demência, Esclerose Lateral Amiotrófica/ ELA) e insuficiência avançada de órgãos (Insuficiência Renal Crónica/ IRC, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica/ DPOC).
De destacar que no Algarve tem existido uma aposta eficaz no desenvolvimento dos cuidados paliativos, ao longo dos últimos dez anos, que tem contribuído para que esta seja uma das regiões do país com uma taxa de cobertura acima da média nacional e com um tempo médio de espera em cuidados paliativos de dois a três dias, sendo que no resto do país a média é de cerca de 20 dias.
Cuidados Paliativos ao domicílio: uma aposta de sucesso
O Algarve foi igualmente pioneiro na criação de equipas domiciliárias, quando, em 2007, foi formada a Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos do ACES Sotavento, uma das primeiras do país com cuidados ao domicílio. A equipa, que abrangia inicialmente os concelhos de Faro, Olhão e Tavira, passou a abranger a área do ACES Sotavento desde a reforma dos cuidados de saúde primários. O ACES Sotavento abrange os concelhos de Alcoutim, Castro Marim, Tavira e Vila Real de Santo António.
Com capacidade para dar assistência direta a dez doentes complexos em simultâneo, esta equipa domiciliária tem como missão mitigar o sofrimento dos doentes em fim de vida e familiares, permitindo que possam ser cuidados em casa.
Atualmente, a equipa presta cuidados de sete horas diárias, todos os dias do ano, tendo sido já referenciados cerca de 500 doentes, desde a sua criação, não estando contabilizada a consulta.
ARS Algarve pioneira também na formação
Em 2014, a ARS Algarve IP realizou o 1º Curso B-learning avançado gratuito em Cuidados Paliativos, que permitiu a criação de uma segunda equipa. Em maio de 2015 a ARS Algarve criou esta segunda equipa de apoio domiciliário na área de influência do ACES Barlavento, que abrange os concelhos de Lagoa e Portimão.
Mais de metade dos profissionais médicos e de enfermagem que constituem as duas equipas em funcionamento na região têm formação avançada. Ambas as equipas têm o desafio de prestar assistência não só na vertente clínica, como também emocional e espiritual, o que exige um nível de formação avançado.
Futuramente, o objetivo é criar uma terceira equipa para o ACES Central e uma unidade de internamento no Centro Hospitalar do Algarve, polo de Faro.
No âmbito da prestação de cuidados paliativos, existem ainda no Algarve duas equipas intra-hospitalares, uma no polo de Portimão e outra no polo de Faro. O polo de Portimão possui uma Unidade de Cuidados Paliativos com dez camas. A equipa intra-hospitalar do polo de Faro interna doentes em 15 camas de diversos serviços.
Um estudo desenvolvido no Algarve, intitulado «Os custos dos cuidados paliativos – poupança ou desperdício», sobre a relação entre o custo e a efetividade em Cuidados Paliativos, o primeiro realizado em Portugal, concluiu que «os custos com os cuidados paliativos domiciliários permitem uma poupança de 50% quando comparados com o custo dos doentes seguidos sem este recurso».
Por: ARS Algarve