A Diocese do Algarve está em festa pela consagração da irmã Cristina Silva no instituto das Carmelitas Missionárias, celebrada no passado sábado na igreja matriz de Lagoa de onde é natural.
Ocorrida precisamente no dia em que a Igreja celebrava Santa Teresa de Ávila, a religiosa que promoveu a renovação da Ordem do Carmo, tendo fundado o primeiro convento da nova família carmelita descalça, a celebração foi presidida pelo bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, e contou também com participação da superiora provincial das Carmelitas Missionárias, a irmã Carmen Ibáñez.
A celebração teve início com uma evocação batismal, tendo a professante colocado sob o altar a vela acesa com a luz recebida naquela igreja no dia do seu batismo. O gesto realçou o vínculo entre a consagração no batismo e a profissão religiosa que naquele sacramento tem as suas raízes e a exprime mais perfeitamente. Isso mesmo começou por destacar o bispo do Algarve, lembrando que a consagração do dia do batismo é a “primeira de todas”, “da qual deriva e brota a consagração na vida consagrada”.
Proclamado o evangelho, seguiu-se o chamamento ou postulação com a irmã provincial, que recebeu os votos perpétuos, a chamar pelo nome da professante, tendo a irmã Cristina Silva sido interrogada pelo bispo diocesano sobre o seu propósito.
Na sua homilia, D. Manuel Quintas começou por manifestar o regozijo da Igreja algarvia com aquela celebração, considerando a participação dos presentes naquela eucaristia como uma “resposta de gratidão e de louvor” perante a decisão da irmã Cristina Silva de “seguir a Jesus Cristo como Carmelita Missionária”. “Damos graças a Deus por te dispores a acolher com total liberdade e disponibilidade o dom da vida consagrada, pelo qual queres responder a Deus Pai que te consagrou pelo batismo e agora te chama a participares mais profundamente do ministério profético, real e sacerdotal de Cristo que brota precisamente da nossa consagração batismal”, afirmou o prelado.
D. Manuel Quintas desafiou a religiosa a “seguir mais de perto Cristo”, dando “um testemunho alegre e contagiante à imitação de todos os santos carmelitas”, de modo particular o do fundador da congregação Francisco Palau.
O bispo do Algarve considerou a consagração perpétua daquela religiosa uma “ação de Deus” que “acontece também na história de um instituto, neste caso as Carmelitas Missionárias, o qual, através desta consagração, escreve mais uma página da sua história e da história pessoal da irmã Cristina Silva”. Ressalvando que “a iniciativa é sempre de Deus”, D. Manuel Quintas destacou a “história de amor que Deus escreveu com a irmã Cristina”.
Lembrando que alguns sentem-se “interpelados pelo apelo de Deus, mas depois revelam medo”, o bispo diocesano advertiu que “Deus compromete-se também com aqueles que chama” e “manifesta Ele próprio a sua fidelidade, fidelidade sobre a qual se deve apoiar a fidelidade do chamado”.
D. Manuel Quintas alertou ainda que “a vida consagrada não deve ser vista como uma realidade isolada ou secundária da Igreja, mas diz respeito a toda a Igreja”. “A vida consagrada é dom do Espírito à Igreja em todo o tempo e em cada tempo, dom precioso e necessário para o serviço do povo de Deus porque pertence intimamente à sua vida, à sua santidade e à sua missão”, destacou.
Depois da homilia, a celebração prosseguiu com a profissão propriamente dita, com o celebrante a perguntar à professante sobre a sua disposição de consagrar-se a Deus e de seguir a perfeição da caridade de acordo com as constituições das Carmelitas Missionárias. Com a professante de joelhos, seguiram-se as ladainhas com a evocação dos santos para que Deus continue o propósito da religiosa e a oração da bênção solene ou consagração da professa.
Particularmente emotivo foi o momento do abraço das restantes carmelitas missionárias à nova consagrada.
No final da celebração, a irmã Cristina Silva, de 37 anos, agradeceu emocionada a Deus o seu “amor infinito”, “a sua misericórdia e paciência” e por todos os que se cruzaram consigo ao longo dos últimos anos. “Deus vai escrevendo na minha vida e na vida de outros, sem que às vezes percebamos muito bem”, afirmou.
A consagrada reconheceu sentir-se “barro” nas mãos do “oleiro” Deus “que vai fazendo a sua obra” e fazendo brotar em si a “luz renovada da fé”. “Quero pedir-vos que continueis a rezar por mim, para que possa ser fiel sempre ao Senhor e que possa também aprender, como Maria, a fazer a vontade de Deus”, acrescentou.
Antes de terminar a celebração, participada também por vários padres do Algarve, por muitas carmelitas missionárias não só da diocese algarvia, mas também da comunidade de Beja e das de Espanha, e por muitas outras consagradas do Algarve, o bispo do Algarve agradeceu à irmã Cristina Silva por ter escolhido Lagoa para realizar a sua consagração perpétua. À superiora provincial, o prelado agradeceu também pela comunidade algarvia. “É para nós motivo de alegria e de agradecimento termos entre nós uma comunidade das Carmelitas Missionárias, por todo o seu serviço, pelo testemunho e pela sua dedicação e doação à Igreja diocesana”, frisou, desejando “que o Senhor faça despertar na Diocese do Algarve vocações à vida consagrada”.
Por: Folha do Domingo
Fotos Samuel Mendonça