As figuras da Volta a Portugal

09:30 - 28/07/2014 DESPORTO
Principais figuras do pelotão da Volta a Portugal de bicicleta, cuja 76.ª edição se disputa entre 30 de julho e 10 de agosto, num total de 1613,4 quilómetros, de Fafe a Lisboa:

Gustavo Cesar Veloso, Esp (OFM-Quinta da Lixa, Por): O dorsal não engana: na ausência de Alejandro Marque é o seu vice quem se assume como favorito número um. Desaparecido grande parte da temporada devido a alegados problemas com a equipa, o espanhol de 34 anos não resistiu ao apelo da Volta a Portugal.

Apesar do seu estado de forma ser uma incógnita, a sua solidez e a qualidade cimentada no ano passado, quando regressou a Portugal para brilhar pela OFM-Quinta da Lixa, tornam-no numa aposta segura para uma presença no pódio.

Especialista em contrarrelógio, é um corredor polivalente, capaz de subir com os melhores – ganhou na temida Torre em 2013 - e dono de uma visão de corrida invejável, características que lhe valeram resultados de revelo nos seus anos dourados na Xacobeo Galicia: venceu a Volta à Catalunha em 2008, foi 29.º na Vuelta desse mesmo ano, ganhando aí uma etapa no ano seguinte.

 

Rui Sousa, Por (Rádio Popular-Onda, Por): Regular como poucos, o veterano de Barroselas procura melhorar os terceiros lugares que acumulou nas últimas três edições. Aos 38 anos, este apaixonado por pássaros orgulha-se de ter mantido a mesma vitalidade que o permitiu estar no pódio da Volta a Portugal de 2002.

Um ano depois de ter perdido a vitória na principal prova nacional ao semear inimigos internos na Efapel-Glassdrive, graças a um ataque que lhe valeu um triunfo na etapa da sua terra, Sousa mudou-se de armas e bagagens (neste caso, o inseparável amigo César Fonte) para a Rádio Popular-Onda.

Nos “axadrezados”, o duplo vencedor da classificação da montanha (2008 e 2012) irá contar com o precioso apoio de Daniel Silva, sexto na geral final no ano passado e um exemplo de regularidade nas últimas edições. Mas, caso a idade comece a pesar, é provável que tenha de trabalhar para o outro líder da equipa.

 

Ricardo Mestre, Esp (Efapel-Glassdrive, Por): É dos poucos que sabe o que é ganhar uma Volta a Portugal. Foi em 2011 que o ciclista da Castro Marim tomou o relevo de David Blanco e se tornou no último português a vestir a amarela no pódio final.

Depois disso, a carreira de Mestre foi uma sucessão de azares: em 2012, uma queda grave atirou-o para fora da Volta, depois de dias de contactos diretos com o solo, e no ano seguinte a tendência manteve-se, com a sua curta e negativa passagem pela Euskatel-Euskadi a ser marcada por sucessivos “trambolhões”.

Para o regresso ao pelotão nacional, optou não pela sua equipa de sempre, a de Tavira, mas sim pela Efapel-Glassdrive, uma das mais fortes do pelotão, mas que tem demonstrado não saber trabalhar coletivamente.

Nesta Volta, à qual chega com um quarto lugar nos nacionais de contrarrelógio, poderá fazer aquilo que nenhum outro português conseguiu desde Orlando Rodrigues em 1995: festejar dois triunfos.

 

Hugo Sabido, Por (LA-Antarte, Por): Há um ano, esperava-se muito deste estudante de medicina, que em 2012 tinha sido segundo atrás de David Blanco, depois de uma luta intensa e de liderar a prova durante quatro dias, mas uma lesão no joelho, escondida enquanto pôde, roubou-lhe o sonho.

Figura incontornável na lista de candidatos, o ciclista de Oeiras, que correu ao lado de Chris Froome na Barloworld, pode ter nesta edição a sua última oportunidade para se sagrar vencedor.

Vencedor da Volta ao Algarve em 2005, Sabido, de 34 anos, é um exemplo de afabilidade e disponibilidade, mas também de perseverança. Este ano, enquanto todos os adversários se vigiavam no Grande Prémio Joaquim Agostinho, optou pela estratégia que tem sido o seu segredo: rumou à Serra da Estrela e por lá ficou vários dias a preparar aquela que é a etapa rainha da prova nacional.

 

Edgar Pinto, Por (LA-Antarte, Por): Chamado a assumir a liderança da LA-Antarte devido à lesão do seu líder, o ciclista de Albergaria-a-Velha mostrou estar pronto para o desafio. Foi quarto na geral final e deu luta.

Mais consistente do que o plano A da equipa ao longo desta época, Pinto, de 28 anos, foi terceiro no Grande Prémio Joaquim Agostinho, o grande barómetro de forças antes da Volta, quarto na Volta ao Alentejo e sétimo na Vuelta a Castilla y Léon.

Mais importante do que isso, no início da época, diante de um pelotão de luxo, foi décimo na Volta ao Algarve e o melhor português depois do campeão do mundo Rui Costa. Por estatuto, Sabido será o líder da equipa, mas, quando chegarem os momentos decisivos, o diretor desportivo Mário Rocha poderá ter um problema a resolver.

 

Hernâni Broco, Por (Louletano Dunas-Douradas, Por): Há um ano, Hernâni Broco foi uma das vítimas da estratégia fratricida da Efapel-Glassdrive. Desanimado com o quinto lugar final e com as guerras da modalidade, abandonou o ciclismo em outubro, uma decisão que uma proposta concreta do Louletano Dunas-Douradas o fez rever.

Em 2014, chega à Volta como único líder de uma equipa construída a pensar em si e com resultados consistentes nas últimas semanas, como o sexto posto nos nacionais de contrarrelógio, uma especialidade na qual registou grandes progressos nos últimos dois anos, ou o sétimo no Grande Prémio Joaquim Agostinho.

Melhor português na Volta a Portugal de 2010, o ciclista originário da cidade que se habituou a conviver com o mítico Joaquim Agostinho (Torres Vedras) repetiu o quinto posto no ano seguinte e no ano passado, quando regressou a terras nacionais depois da experiência na espanhola Caja Rural.

 

Luis Leon Sanchez, Esp (Caja Rural, Esp): Depois de várias épocas como uma das figuras do WorldTour, Luis León Sanchez viu o seu dúbio passado, manchado por várias suspeitas de dopagem, despromovê-lo para a segunda divisão do ciclismo internacional – a Belkin despediu-o no ano passado.

A viver uma nova realidade numa carreira que tem quatro vitórias de etapas no Tour e quatro títulos nacionais de contrarrelógio como principais trunfos, o espanhol, de 30 anos, estreia-se na Volta a Portugal com o objetivo de se preparar o melhor possível para a sua Vuelta.

Ciclista aguerrido, especialista em fugas bem-sucedidas, “Luisle”, que foi nono na Volta a Espanha de 2010, é um exemplo de ciclismo de ataque e de espetáculo.

 

Stefan Schumacher, Ale (Christina Watches-Kuma, Din): Já foi um dos mais reputados ciclistas do pelotão internacional, mas um positivo por CERA (EPO de terceira geração) no Tour2008 condenou-o a uma carreira em equipas menores.

Vencedor de duas etapas no Giro2006, medalha de bronze nos Mundiais de 2007, vencedor da Amstel Gold Race e vencedor, posteriormente desclassificado, dos dois contrarrelógios do Tour2008, caiu em desgraça, colaborou com as autoridades antidopagem e voltou a correr em agosto de 2010, com vitórias e pódios em provas menos reconhecidas.

Ciclista completo e experiente, pode ser um “outsider” na luta pela geral das equipas portuguesas.

 

Por Lusa