Ligação ferroviária ao Aeroporto Internacional de Faro é vital para a mobilidade e competitividade da região.
Nas últimas duas semanas, o Ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, deslocou-se por três ocasiões ao Algarve.
Estes raides - tanto de natureza governativa como partidária - têm sido abundantes em cerimónias solenes, anúncios, intenções, mas parcos em explicações e detalhes.
Desde logo, o Sr. Ministro anunciou que se comprometia a lançar o projeto da ligação ferroviária ao Aeroporto de Faro, afirmando, logo depois, que tal apenas sucederia se não se verificasse qualquer constrangimento ambiental. Ora, deste modo, faz parecer que esta manifestação é um projeto novo, o qual nasce pela mão deste Governo. Nada mais enganador. Este projeto estava previsto no PETI - Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas preparado pelo anterior Governo, o qual evoluiu para o FERROVIA 2020 - já da autoria deste Governo - e no qual não consta, por opção consciente e deliberada, a ligação ferroviária ao aeroporto. Rompeu-se, por isso, um aparente consenso que vigorava nesta matéria.
É extraordinário, o Ministro anuncia que vai ponderar se vai fazer daqui a 10 anos, o que estava previsto preparar, lançar e executar o mais breve possível. Vem dizer que nos tira uma coisa, mas coloca a questão como se estivesse a dá-la. A ideia de ligação ferroviária ao Aeroporto de Faro é essencial para a mobilidade intra-regional e importante para o turismo, sobretudo num quadro em que cada vez mais os sistemas integrados de transportes são fatores decisivos para a competitividade do setor. Temos mais de 7 milhões de passageiros e não temos mecanismos de escoamento minimamente satisfatórios. Estamos muitos passos atrás e isso prejudica a vitalidade da região.
Todavia, se o projeto é para concretizar tão longinquamente, o Governo deve estudar o melhor traçado a adotar, se o atual faz sentido - em particular em Faro - e qual o material circulante adequado para os objetivos, e caso se venham a colocar, como o Ministro aludiu, questões de natureza ambiental, que as mesmas se ultrapassem. É possível conjugar progresso com soluções que respeitem o ambiente e também, em razão do crescimento exponencial de turistas, forjar um projeto que seja sustentável do ponto de vista económico e financeiro. Tenho repetidamente inquirido o Ministro sobre esta matéria sem que este dê qualquer resposta satisfatória ou tenha sequer mostrado qualquer interesse pela matéria, pelo que mais parece a aproximação do ato eleitoral autárquico que levou o Ministro em comício-jantar do PS Faro a proferir tais palavras.
Por outro lado, o Ministro assinala também a eletrificação ferroviária da Linha do Algarve. Cabe esclarecer que esta é também uma obra prevista no PETI e no FERROVIA 2020, a qual deve avançar e, segundo o que sabe, os prazos que o Governo definiu estão atrasados e, desde já, colocam em causa o cronograma estabelecido, pelo que o Governo deve concentrar-se mais em realizar do que em prometer. É mito importante para o Algarve que essa intervenção progrida.
Na semana anterior, por outro lado, teve lugar a cerimónia solene do reinício das obras da EN -125, uma vez mais com a presença do mesmo Ministro, o que não deixa de ser notável porque este foi o responsável que ordenou a sua paragem, a qual se prolongou para lá das piores expectativas.
Os anúncios das últimas semanas no Algarve, os quais se estão a repetir por todo o país, são já a antecâmara das eleições autárquicas, não conseguindo o Governo resistir à tentação de colocar a máquina do Estado no terreno para criar ilusões que não vai concretizar, ou que se vier a fazer não será nos tempos mais próximos.
Por: PSD