GENEALOGIA por Manuel da Silva Costa | mscosta2000@hotmail.com
Boto(a) é sinónimo de golfinho e como apelido encontra-se em Génova, desde 1106 e na Catalunha, pelo menos a partir de 1150.
Em Portugal o apelido é também antigo. Martim Peres Boto vivia em Sernancelhe, em 1256 e
João Anes Boto, casado com Maria Domingues, tinha “o praso” de um pomar em Colares, em 1323 .
A família brasonada inicia com Estêvão Anes Boto e sua mulher Maria Anes. Estêvão era tosador (tosquiador) em Évora e participou na conquista de Ceuta (1415), onde surpreendeu dois mouros numa torre a quem cortou as cabeças. Exibindo os troféus perguntou aos companheiros “onde as boto” e daí lhe veio alcunha de Boto (o brasão retrata o episódio). Estêvão faleceu antes de 1435 e está sepultado na capela do Espírito Santo, erigida por um seu descendente, na Igreja de S. Domingos de Évora.
Martim Esteves Boto participou na conquista de Alcácer Ceguer (1458), foi jurisconsulto de D. Afonso V, por quem foi armado cavaleiro com armas novas (1462) e esteve ainda na tomada de Tânger (1471), vindo a falecer em 1475.
Pelo apelido e funções, filho do anterior seria Rui Boto. Era doutor do concelho de D. Manuel I e seu “chanceler moor em todos seus regnos e senhorios” e veio a Loulé, em 1496, transmitir o édito “acerca dos conversos” (expulsão dos Judeus).
O apelido já existia em Loulé antes da visita de Rui Boto. Rodrigo Afonso Boto em 1487 era “moedor” e o mesmo ou homónimo, em 1526, foi incumbido de “com seu navio fosse às Cannareaes e achando trigo em preço o comprasse”.
Joham Rodriguez Boto é referido em 1492, acerca da ampliação da Judearia (extinta pouco depois) “como deram por Judaria a rua que sai direito da Judaria Velha atee onde mora”.
Estêvão Rodrigues Boto é, em 1526, sorteado para Procurador do Concelho, método mais decente do que as atuais nomeações partidárias e de familiares.
O apelido Bota será a forma feminina de Boto e que assim se foi transmitindo, como é exemplo Margarida Bota, casada em Lagoa com Bartolomeu Raposo, em cerca de 1570...
