Por: Rui Cristina | ruicristina19@gmail.com
Já se sabe que no Carnaval ninguém leva a mal ainda mais em Loulé, onde os festejos estão enraizados e têm uma tradição longa de mais de um século.
E é tal a animação do nosso Carnaval que por vezes São Pedro quer participar com aguaceiros e chuvadas, Santa Bárbara alinha e junta trovões à festa e até convida São Bartolomeu que se encarrega das ventanias.
E lá se vai por água abaixo o dito ‘sambódromo’ da Avenida José da Costa Mealha, com os figurantes e as dançarinas a tremer de frio e os visitantes a fugir a sete pés para evitar constipações, quando em vez de carnaval temos temporal.
Sendo o Carnaval “civilizado” de Loulé o mais antigo do país seria da maior utilidade reconhecer a importância da tradição e como, ao longo do tempo, esta extravasou a alegria e as brincadeiras dos louletanos e se transformou num importante cartaz turístico que atrai milhares de visitantes à cidade.
Assim como os nossos antepassados decidiram ‘civilizar’ o Carnaval que antes de 1906 apresentava facetas violentas e mal cheirosas e que a partir dessa data se tornou um período de celebrações amistosas, com a célebre batalha das flores a que se juntavam os bailes nas coletividades e nas melhores casas de família.
Traduzindo para a linguagem do século XXI, naquela altura havia um «plano B» para que, caso não se pudesse festejar na rua, a alegria do Carnaval não esmorecesse e as ‘flores’ pudessem ser convidadas a dançar em inúmeros bailes que havia pela cidade.
Fala-se em 2017 em parodiar nos desfiles do Carnaval de Loulé os Descobrimentos que tão longe nos levaram enquanto reino de Portugal e dos Algarves e também esta estapafúrdia solução política governativa a que se chama geringonça.
Mas se por acaso o tempo não ajudar, não há nenhum «plano B» para os louletanos e os milhares de visitantes que aqui se pretendem divertir. E se fosse um Carnaval com outras alternativas de espaços de animação (a exceção é a Gala da segunda feira), a economia local teria muito mais razões para festejar.
Mas ainda não foi desta que o executivo socialista ‘descobriu ’ que o Carnaval pode ser uma brincadeira muito séria e muito rentável para o comércio, a restauração, a hotelaria, os músicos e artistas de Loulé.
Se em 1906 foi possível mudar a tradição do Carnaval para melhor, porque não em 2017? Ninguém levava a mal… "