Cerca de duas dezenas de profissionais de saúde que integram as equipas das unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e do Centro Hospitalar do Algarve participam no primeiro curso de formação intermédia de Cuidados Paliativos promovido pela Administração Regional de Saúde do Algarve em parceria com a Comissão Nacional de Cuidados Paliativos.

A primeira sessão do curso, que vai decorrer entre março e junho (1 dia por semana) foi realizada na passada sexta-feira, dia 24 de março, na sede da ARS Algarve. O Algarve é primeira região a receber este curso, que será promovido em todas as regiões de saúde ao longo do ano, e que pretende reforçar os conhecimentos e as competências dos profissionais de saúde que trabalham em unidades não especializadas em Cuidados Paliativos mas que cuidam regularmente de doentes com necessidades paliativas.

Compreender os princípios e os valores dos cuidados paliativos, a importância e a complexidade dos sintomas que um doente em fase terminal de vida pode apresentar, identificar os principais problemas decorrentes de situações específicas em cuidados paliativos, conhecer as principais estratégias de comunicação com o doente e família, de modo articulado com a restante equipa multidisciplinar, e aprofundar o conhecimento das terapêuticas associadas ao cuidado das pessoas com doença paliativa (oncológica e não oncológica), como o controlo dos sintomas e a abordagem das várias fases do luto e da espiritualidade na família como alvo de cuidados, são algumas das questões que vão ser abordadas durante as 12 semanas deste curso, cujo objetivo «é dar formação a profissionais de saúde que lidam com muita frequência com doentes em fim de vida, mas que não têm como principal objetivo o trabalho em equipas especializadas de cuidados paliativos. Ou seja, são colegas que têm de ter uma formação um pouco mais aprofundada em cuidados paliativos dado a prevalência de doentes de baixa ou de média complexidade que seguem. Por isso, é que a Comissão Nacional de Cuidados Paliativos deu prioridade aos profissionais da RNCCI, porque essas unidades têm uma taxa elevada de doentes com grandes necessidades paliativas de baixa e de média complexidade», explica a Dra. Fátima Teixeira, Coordenadora Regional dos Cuidados Paliativos do Algarve e membro da Comissão Nacional de Cuidados Paliativos.

Destacando a importância da aposta neste tipo de ações formativas para o reforço da prestação de cuidados de saúde na Região, a Vogal do Conselho Diretivo da ARS Algarve, Dra. Josélia Gonçalves, fez questão de estar presente na primeira sessão para agradecer o interesse manifestado pelos profissionais em participar nesta formação. Na sua intervenção, a dirigente deixou uma palavra de incentivo a todos, assegurando que poderão contar com todo o apoio do Conselho Diretivo da ARS Algarve, «neste novo ciclo de abertura à comunidade e de diálogo que pretendemos iniciar para, em conjunto, encontrarmos soluções para o nosso objetivo comum: a melhoria da qualidade dos cuidados de saúde e do bem-estar da população da nossa Região».

De referir que o Algarve foi pioneiro na criação de equipas domiciliárias, quando, em 2007, foi formada a Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos do ACES Sotavento, uma das primeiras do país com cuidados ao domicílio. A equipa, que abrangia inicialmente os concelhos de Faro, Olhão e Tavira, passou a abranger a área do ACES Sotavento desde a reforma dos cuidados de saúde primários. O ACES Sotavento abrange os concelhos de Alcoutim, Castro Marim e Vila Real de Santo António.

Atualmente, na área dos cuidados paliativos, encontram-se em funções a Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos do ACES Sotavento e a Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos do ACES do Barlavento que asseguram o apoio domiciliário a todos os utentes que necessitem de cuidados paliativos nos concelhos de Tavira, Vila Real de Santo António, Castro Marim, Alcoutim, Lagoa, Portimão, prevendo-se o alargamento ao concelho de Lagos.

O Algarve é a única região do país que conta com uma equipa de consultas de cuidados paliativos, no âmbito dos cuidados de saúde primários, disponível aos utentes no Centro de Saúde de Tavira. Esta consulta de cuidados paliativos permite que os utentes possam aceder à mesma, por iniciativa própria, ou através do seu médico de família, colocando este tipo de cuidados mais próximos do cidadão, melhorando a qualidade dos cuidados de saúde e a humanização dos serviços. Destina-se a doentes complexos mas que mantêm mobilidade e podem deslocar-se ao Centro de Saúde.

A nível hospitalar, temos duas equipas Intra-hospitalar de cuidados paliativos, uma em cada uma das unidades hospitalares do Centro Hospitalar do Algarve (uma no polo de Portimão e outra no polo de Faro). O Pólo de Portimão tem ainda uma Unidade de internamento em Cuidados Paliativos com 10 camas. A equipa intra-hospitalar do polo de Faro interna doentes em 15 camas de diversos serviços.

De destacar que no Algarve tem existido uma aposta eficaz no desenvolvimento dos cuidados paliativos, ao longo dos últimos dez anos, que tem contribuído para que esta seja uma das regiões do país com uma taxa de cobertura acima da média nacional e com um tempo médio de espera em cuidados paliativos de 2 a 3 dias, sendo que no resto do país a média é de cerca de 20 dias.

 

Por: SNS