Recentemente, foram publicados os resultados de um ensaio clínico realizado no Hospital Universitário Puerta de Hierro-Majadahonda, em Madrid, que evidenciam melhorias na qualidade de vida de pacientes com lesões da espinal medula após a administração de células estaminais.
Estes resultados surgem na sequência de ensaios pré-clínicos que indicam que as propriedades regenerativas das células estaminais podem ajudar na recuperação destes doentes.
O ensaio consistiu na administração de células estaminais mesenquimais da medula óssea autóloga, ou seja, do próprio, a dez doentes com lesão incompleta da espinal medula, sendo cinco deles tetraplégicos. Todos os doentes apresentavam vários sintomas de disfunção neurológica, incluindo problemas motores, de controlo da micção, disfunção sexual, dor neuropática, rigidez muscular e espasmos musculares. Para diminuir a intensidade destes sintomas, cada doente recebeu quatro doses de células estaminais em intervalos de três meses.
Ao longo do tratamento, os doentes registaram, progressivamente, mais sensibilidade e maior facilidade em andar. Dois doentes reportaram melhorias ao nível da função sexual, devido ao aumento da sensibilidade genital. Paralelamente, registou-se, em vários doentes, um aumento do controlo da função intestinal e da micção, sendo que 50% dos doentes retomaram o controlo voluntário da micção.
“Este novo ensaio clínico suporta outros estudos pré-clínicos já realizados, confirmando as potencialidades regenerativas das células estaminais. Ao longo deste estudo, registaram-se melhorias significativas na sensibilidade, capacidade motora e tónus muscular. A terapia com células estaminais teve, claramente, um efeito positivo na qualidade de vida destes doentes, que se traduziu numa maior facilidade na realização das suas atividades diárias. É certo que há ainda um longo caminho a percorrer, mas estes estudos estão a ter um papel muito importante na otimização deste tipo de terapias, para obter ainda melhores resultados e conseguir, desta forma, melhorar cada vez mais o dia-a-dia destes pacientes” refere Bruna Moreira, Investigadora no Departamento de I&D da Crioestaminal.
Estima-se que, em todo o mundo, as lesões da espinal medula atinjam entre 12 a 58 pessoas por milhão de habitantes, sendo mais frequentes em indivíduos do sexo masculino. Em Portugal, 39% das lesões traumáticas da espinal medula devem-se a acidentes de viação. Outras causas correspondem a quedas (muito frequentes entre a população idosa), acidentes de trabalho, atos de violência e prática desportiva. Além destas causas, as lesões da espinal medula podem também ser provocadas por doenças que resultam na sua degeneração ou compressão. Estas lesões representam consequências drásticas na qualidade de vida do indivíduo, condicionando a sua autoestima, a relação com os familiares e com a sociedade.
Sobre as Células Estaminais
As Células Estaminais Mesenquimais encontradas no tecido do cordão umbilical podem diferenciar-se em cartilagem, osso e músculo, entre outros tecidos. A par disso, estas células são consideradas valiosas por terem a capacidade de atenuar a resposta imune, estando a ser testadas no tratamento de doenças autoimunes e de complicações dos transplantes hematopoiéticos alogénicos, ou seja, aqueles em que o dador e o recetor não são a mesma pessoa.
Sobre a Crioestaminal
A Crioestaminal, fundada em 2003, foi o primeiro banco de criopreservação em Portugal, sendo o maior da Península Ibérica e o quarto a nível europeu. Sediada no Biocant, o maior parque de Biotecnologia português, emprega mais de 80 colaboradores e tem presença em quatro países da Europa (Portugal, Espanha, Itália e Suíça). É o único banco ibérico acreditado pela AABB (American Association of Blood Banks), sendo um dos mais influentes e inovadores bancos de células estaminais do cordão umbilical do mundo. Tem mais de 100 mil amostras recolhidas e criopreservadas desde a sua fundação, sendo o player em Portugal com o maior número de amostras resgatadas e transplantes realizados, com 15 utilizações em 10 crianças. Promove um trabalho de referência na terapêutica com células estaminais, com quatro patentes internacionais registadas e vários projetos de investigação em curso. Investe, anualmente, cerca de 10% do seu volume de negócios em Investigação & Desenvolvimento.
Por: Atrevia