Cinco mil pessoas participam no 1.º estudo nacional de prevalência da doença renal crónica

14:30 - 10/10/2017 SAÚDE
A doença renal crónica (DRC) é um problema de saúde que afeta milhares de portugueses.

Mas quantos são, de facto, os que por cá sofrem com esta doença, ou em que estadio se encontram, é uma informação desconhecida, por nunca ter sido realizado um estudo capaz de identificar os doentes com esta patologia. O estudo RENA, é um estudo epidemiológico transversal, que tem como objetivo a avaliação da prevalência de DRC na população portuguesa e que vai avaliar 5.000 utentes de cem unidades de cuidados de saúde primários em todo o território nacional, aleatoriamente selecionados.

O estudo RENA resulta de uma colaboração entre a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), a Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN), a Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) e a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), com o selo da Diabetes do Programa Nacional para a Diabetes, da Direção Geral de Saúde, sendo apoiado pela AstraZeneca.

Durante o estudo serão recolhidos dados demográficos, dados clínicos relacionados com fatores de risco de DRC e será ainda realizada a avaliação antropométrica e a recolha de sangue e urina para determinação de HbA1c, colesterol, triglicéridos creatinina no sangue, creatinina na urina e albumina na urina.

Numa altura em que a racionalização de meios e recursos está na ordem do dia e em que a prevenção se assume como uma importante estratégia de saúde pública, este estudo, de prevalência nacional e especificamente desenhado para este fim, vai permitir a recolha de dados essenciais para quantificar a população com DRC. Com os dados recolhidos, será mais fácil a adequação de estratégias de divulgação da doença, não só junto de quem dela sofre, mas também da comunidade médica, assim como o dimensionamento de respostas mais efetivas, permitindo adequar os recursos à dimensão da doença.

São cinco os níveis de gravidade da DRC, sendo 1 o menos grave e 5 o equivalente a uma falência renal. Os dados atualmente existentes, e que resultam de uma sub-análise1 aos dados do estudo PREVADIAB2, que avaliou a prevalência de diabetes na população portuguesa entre os 20 e os 79 anos, apontam para uma prevalência de DRC nos estadios 3 a 5 na ordem dos 6,1%. Por neste estudo não ter sido avaliada a albuminúria [uma proteína na urina], não foi possível avaliar a prevalência de DRC nos estadios 1 e 2. Também o limite de idade de 79 anos no protocolo do PREVADIAB pode ter subestimado a prevalência global de DRC.

A doença renal crónica consiste numa lesão renal com perda progressiva e irreversível da função dos rins. Na sua fase mais avançada, os rins deixam de ser capazes de manter a normalidade do meio interno do doente.

Estima-se atualmente que em Portugal mais de 800 mil pessoas sofram desta doença. Todos os anos são registados 2.200 novos casos de insuficiência renal crónica terminal, existindo atualmente 14 mil doentes dependentes de diálise, dos quais 5.000 são transplantados.

A diabetes, a obesidade e a hipertensão arterial são três dos fatores que contribuem para que no futuro os números possam ser ainda mais elevados, razão pela qual o diagnóstico e o tratamento precoce são fundamentais.

 

Por: Guess What