O ministro da Saúde, Paulo Macedo, reconheceu hoje a existência de "insatisfação" entre os profissionais do setor, mas considerou "anormais" e em "risco de banalização" as greves que afetam apenas o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Que haja alguma insatisfação, percebemos perfeitamente. Os profissionais têm um trabalho exigente e têm as suas remunerações reduzidas. A questão é se a resposta é fazer greve no SNS, uma área em que as pessoas são mais carenciadas", disse aos jornalistas Paulo Macedo, à margem da visita que hoje efetuou ao hospital de Portimão.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) anunciou uma greve nacional para os dias 24 e 25 de setembro, contra o que diz ser a exaustão dos profissionais e pela contratação de mais enfermeiros.
Na opinião de Paulo Macedo, "não há greves" de enfermeiros nem de médicos, mas sim "greves no setor público, o que é muito diferente".
O ministro considerou que a greve deve ser utilizada como um exercício normal em democracia, que não deve ser banalizada, frisando que "qualquer dia há greves todos os dias e ninguém sabe muito bem porquê".
"O que é anormal é a banalização da greve, e ser sempre feita no Serviço Nacional de Saúde, nas pessoas mais vulneráveis. No privado e no social nunca há greve. Portanto, quando se quer defender o SNS faz-se greve que só tem efeitos no SNS, há aqui uma contradição enorme", sublinhou Paulo Macedo.
O governante acrescentou que o Ministério da Saúde tem mantido o diálogo e está "disponível" para negociar e recordou que decorrem nesta altura negociações com os sindicatos.
"Não se tem esgotado de maneira nenhuma o diálogo. Há coisas que podemos evoluir e chegar a acordo, há outras que não têm a ver com o Ministério da Saúde", disse Paulo Macedo, exemplificando com "a questão das horas extraordinárias cuja remuneração é totalmente transversal à administração pública".
Questionado sobre o decréscimo das reservas de sangue durante o verão, Paulo Macedo disse que a situação está normalizada, "face à generosidade das pessoas".
"Estamos com um bom nível de 'sto'k's' de sangue apesar do verão ser sempre uma época difícil", sublinhou.
O Instituto Português do Sangue revelou hoje que tem atualmente 12 mil unidades para eventuais transfusões, um valor considerado "confortável", sobretudo tendo em conta o período do verão, onde é habitual as dádivas caírem.
A revelação foi feita durante uma ação de promoção da dádiva de sangue no âmbito das comemorações dos 35 anos do Serviço Nacional de Saúde, onde participaram vários atletas e desportistas portugueses com o objetivo de chamar os mais jovens à causa.
Por: Lusa