Os pescadores do Norte do país disseram «não entender a divisão» criada pelos colegas de profissão do Algarve, sobre o esgotar da quota de pesca do boqueirão, considerando que as acusações feitas «não têm fundamento».
A reação surge na sequência da afirmação de Mário Galhardo, presidente da cooperativa de pescadores do Algarve (Barlapescas), que apontou que «a Norte andaram a apanhar quantidade [de biqueirão] a mais», e que tal condicionou a gestão da mesma no resto do país.
Não entendemos as acusações nem o fundamento desta divisão. O Algarve devia estar solidário e dizer que a quota não chegou, mas para todos nós, refutou, Agostinho Mata, presidente da Propeixe - Cooperativa de Produtores de Peixe do Norte, em declarações à agência Lusa.
O líder da Propeixe lembrou que «historicamente, tem aparecido mais biqueirão no Norte e o Algarve tem apanhado apenas quantidades residuais», garantindo que as capturas feitas «cumpriram as regras impostas pela tutela».
«Desde agosto que andamos a apanhar biqueirão no Norte, e o Algarve, que fez apenas algumas pescarias esporádicas, só se lembrou agora desta questão? O que deviam falar é que a quota tem de ser maior para todos», disse o Agostinho Mata.
O dirigente apelou «a uma união de todos os pescadores»para mostrar à tutela que a quota, de cerca de quatro mil toneladas, que já foi esgotada, «tem de ser revista».
Ninguém entende o motivo da quota ter sido tão pequena. Estamos furiosos com a situação, mas não é o Norte ou Algarve que tem culpa disso. Há muito biqueirão ainda no mar, garantiu Agostinho Mata.
O presidente da Propeixe assegurou que «os pescadores avisaram a comunidade científica que tem de haver um erro nos estudos», desabafando que «foi uma surpresa quando fixaram esta quota de miséria».
Estamos muitos irritados com o que foi feito à pesca portuguesa, em relação ao biqueirão. Não conseguimos explicar aos nossos homens o porquê de terem de parar, quando há a evidência de muito peixe no mar. A situação tinha de ser reavaliada, afirmou o dirigente.
Agostinho Maia frisou que «o biqueirão é espécie de alto rendimento» e que o fixar «de uma quota tão pequena prejudica os pescadores e a economia portuguesa», voltando a enviar uma mensagem para os congéneres algarvios.
«Não é preciso divisões, mas sim trabalhar, em conjunto, para a quota aumentar», apelou.
Os pescadores algarvios acusaram hoje os da região Norte de terem esgotado a quota anual de biqueirão para Portugal por excesso de captura, obrigando a uma interdição prematura, que entra em vigor na quarta-feira.
«A Norte andaram a apanhar o que achamos que foi quantidade a mais, cerca de 4.000 quilos por dia. Se tivesse sido feita outra gestão, poderíamos nesta altura estar a trabalhar tanto a norte, como a sul», contestou Mário Galhardo, presidente da cooperativa de pescadores do Algarve (Barlapescas), em declarações à Lusa.
A pesca desta espécie é encerrada «precisamente numa altura em que o biqueirão ocorre naturalmente na costa sul» e num período em que seria «uma alternativa à interdição da sardinha», refere aquele responsável num comunicado conjunto das organizações de produtores do cerco sediadas no Algarve, a Barlapescas e a Olhãopesca.
A paragem de biológica para recuperação desta espécie entra em vigor esta quarta-feira e durará até 01 de abril de 2020.
Por: Lusa