A Associação de Futebol do Algarve lamenta o teor do editorial do jornal «A Bola» publicado na edição da última quinta-feira, e assinado pelo Diretor daquela publicação, Sr. Vítor Serpa, o qual, por reproduzir uma série de inverdades, nos obriga a vir a público esclarecer algumas das questões ali abordadas.

Levar a Seleção Nacional a diversas regiões do país não é, nem pode em circunstância alguma, ser entendido como um “favor” prestado aos portugueses residentes longe dos grandes centros urbanos; a Seleção é de todos e, como tal, anormal seria a centralização das partidas num estádio. Em países com seleções no top do futebol mundial, como Espanha (que defronta a Bielorrúsia este sábado na vizinha cidade de Huelva), Alemanha ou Itália, por exemplo, as partidas caseiras disputam-se de forma descentralizada, com excelentes resultados em termos de entusiasmo e capacidade mobilizadora.

A presença da Seleção Nacional no Algarve, considerada “incómoda” pelo editorial do jornal “A Bola”, proporcionou à equipa de todos nós excelentes condições de trabalho, numa época do ano em que outras regiões do país são fustigadas pela adversidade do clima. A qualidade dos equipamentos existentes na região, tanto do ponto de vista desportivo como hoteleiro ou no que se refere a vias de comunicação, é do melhor que temos no país e na Europa e, por isso, largas dezenas de equipas estrangeiras procuram anualmente o Algarve para estágios de inverno.

Tendo em conta o interesse que a partida Portugal-Arménia despertou aquando da escolha do Algarve para acolher a mesma, as melhores expetativas foram superadas, sendo vendidos todos os bilhetes disponíveis, o que não tem sucedido, em ocasiões recentes, noutros estádios do país e em jogos considerados de maior importância que este. O Algarve, de resto, costuma mobilizar-se em torno do apoio à Seleção e não é a primeira vez que se regista uma enchente na região, em jogos da equipa das quinas.

Acresce a que os custos da organização de um jogo da Seleção A de Portugal no Algarve são, por força da qualidade dos equipamentos existentes, da facilidade de acessos e de muitas outras condições que a região apresenta, bem menos elevados que os das partidas realizadas noutras zonas do país. Por algum motivo a Federação de Gibraltar escolheu o Algarve para a realização dos seus jogos, pois, não podendo disputá-los naquele território, optou pela solução mais competitiva na relação custo-benefício.

Centralizar os jogos de Portugal em dois ou três estádios seria um retrocesso inconcebível e se durante muitos anos assim sucedeu foi por não existirem equipamentos de qualidade distribuídos pelo país. Havendo-os, e dispondo Portugal de uma rede de comunicações das melhores da Europa, faz todo o sentido que a Seleção seja de todos os portugueses, por muito “incómodo” que sinta quem se habituou a ver os jogos à porta de casa e agora os vê espalhados pelo país, levando a Seleção a todos os portugueses, num espírito de comunhão e de entusiasmo.

 

Pela Direção da Associação de Futebol do Algarve