ACADEMIA DE FUTEBOL DO LOULETANO DC: UMA OBRA URGENTE

13:56 - 11/11/2020 OPINIÃO
Por Luís José Pinguinha | Vice-presidente do Louletano | FUTEBOL | Acompanhando as jovens promessas do Louletano | pinguinhaluisjose@gmail.com

Conta a lenda que, um certo dia, um sábio e o seu mais fiel discípulo passeavam numa floresta, quando deram de caras com uma casa bastante humilde na qual vivia um casal com dois filhos. Pelas vestimentas, aperceberam-se que a família era bastante pobre. Questionado sobre como conseguiam viver ali e com que fontes de rendimento, o chefe da família respondeu que sobreviviam do leite produzido pelo único animal que possuíam: uma vaquinha. “Claro que gostaríamos de ter uma vida melhor, mas governamo-nos a vender o leite e o queijo que fazemos desse leite”. Depois de se despedirem, o sábio e o seu jovem discípulo seguiram caminho. Eis então que viram a tal referida vaca à beira de um precipício. Nesse instante o sábio virou-se para o seu discípulo e disse: “Vá além e empurre a vaca para o precipício”. O discípulo, atónito, reclamou: “Mas Mestre, isso é uma enorme injustiça! Nem parece sua, essa atitude”. “Faça o que lhe digo”, ripostou o sábio. E o jovem, contrariado e resmungando que estava a cometer o maior pecado de sempre, cumpriu a ordem do sábio.

Uns anos mais tarde, o sábio e o seu já mais maduro discípulo voltaram ao mesmo local e depararam-se com uma fazenda enorme e produtiva. A terra, outrora sem nada plantado, estava agora florescendo e totalmente semeada. Encontraram então o ex-dono da vaca atirada para a ribanceira que, bem vestido e acompanhado pela mulher e pelos filhos (que, com roubas novas e asseados, não pareciam os mesmos), lhes explicou a razão da radical mudança: “Naquele dia que vocês aqui estiveram, aconteceu um desastre: a minha vaca caiu no precipício e ficámos sem o que nos sustentava. Sem alternativa tive que começar a arar a terra, a plantar e a colher. E foi assim que comecei a ir à Vila para vender o que colhia. Como colhia mais do que vendia na Vila, procurei outras praças que nem sabia que existiam; comecei a poupar dinheiro e a investir uma parte em mais plantações e hoje tenho este império que está diante dos vossos olhos”.

O Louletano Desportos Clube utiliza, para os treinos e jogos das suas dezasseis equipas de formação, instalações da Câmara Municipal de Loulé. A quem, obviamente, só tem de agradecer a disponibilidade e o apoio que, nas mais variadas áreas, tem prestado, presta e, estamos seguros, continuará a prestar à entidade formadora certificada pela Federação Portuguesa de Futebol que o Louletano DC é.    

Mas o facto de todas as instalações utilizadas serem (compreensível e justamente, é claro) repartidas por vários clubes é, obviamente, uma limitação a uma correta planificação técnica da atividade das equipas. Para além disso, a excessiva burocratização que é intrínseca às gestões governamentais colocando muitas vezes em causa a eficácia da atividade, também não ajuda nada.

É, por isso, que defendemos que o Louletano DC, respeitado a nível da Península Ibérica pelo trabalho desenvolvido em prol do futebol de formação, para dar o salto qualitativo que se deseja, necessita de possuir uma Academia de Futebol. Uma Academia que corresponda aos anseios e à missão balizada: por um lado, preparar jovens para atingirem elevadas competências a nível competitivo que lhes permitam estar aptos para assumir a profissionalização como jogadores de futebol e, por outro, facultar a outros jovens a prática mais recreativa, mais lúdica da modalidade.

Ou seja, o Louletano DC necessita de uma Academia de Futebol com condições para garantir um trabalho de excelência em todas as vertentes: no treino (técnico, tático, físico e mental), no jogo e no acompanhamento social (escolar, médico e da gestão da imagem).

Isto é, uma Academia de Futebol dotada de espaços comerciais para exploração e, aproveitando a invejosa localização do Concelho de Loulé, que possibilite a realização de estágios de equipas do Centro/Norte da Europa.

Ou seja, uma Academia de Futebol autossustentável.

Dir-me-á o leitor (tenho a secreta esperança que alguém leia isto): tem toda a razão, o Clube, a Cidade e o Concelho de Loulé só ganharão com uma obra destas, mas como é que o Louletano consegue financiamento para uma obra desta envergadura?              

Fácil, não será. Mas que seria a melhor prenda que o Louletano DC poderia ter aquando da celebração, em 2023, do seu centenário, lá isso seria.