por Natália Dias Pereira Salvador Sousa
Estando na praia um dia
Um dia de pouca gente
A minha vista se estendia
E vivi um raro momento.
Olhando ao mar imenso
E aos pares que ali passavam
Soltei palavras em verso
Que o meu marido não esperava.
Com muito de romantismo
De mistério e de peso
Falei dos que passavam e do abismo
Meu marido ficou surpreso.
Até a mim eu pergunto
D’onde me meio o que disse?
Perguntou-me o meu marido com espanto
Mulher: - onde ouviste isso?
Digo
Não ouvi nem aprendi
Nem a mim sei explicar
O que disse, o que expandi
Saiu de facto de mim
Mas foi algo de muito raro.
Algo de muito raro
Para a minha capacidade
E porque jamais vai voltar
Viverei com a saudade.
O meu marido muito admirava
Ditos e feitos meus
Neste momento, tanto gostava
Que ele me visse com a luz de Deus.
Não a qualquer momento
Mas, muitas vezes aconteceu
Que do seu entendimento
Muitos louvores me deu.
São recordações que me enchem
O peito não sei de quê
Que a rir e a chorar me deixam
Quero pensar que ele me vê.
Nasceu 16 março
Faleceu 30 março, aos 62 anos