O coração traiu Robert Gesink, mas a paixão pela modalidade devolveu-o à bicicleta para viver uma segunda vida no ciclismo, uma etapa que o corredor da Lotto NL-Jumbo encara como um ‘novato’.
O holandês de Varsseveld dá respostas curtas, não se estende no diálogo. Fala apenas o essencial, sorrindo sempre, politicamente correto. É pragmático, mas isso não é novidade. O seu pragmatismo tornou-se mundialmente reconhecido quando, a 15 de abril de 2014, anunciou que arrumaria temporariamente a bicicleta devido a uma arritmia cardíaca.
Horas depois, numa conferência de imprensa, o então ciclista da Belkin (antecessora da Lotto NL-Jumbo) confessou a angústia que sentia a cada pontada no peito, o medo de que ‘padecia’ desde a Volta a Itália de 2013, uma sombra que o impedia de dar o seu melhor. E explicou que iria ser operado ao coração, com a esperança de voltar, a curto prazo, à sua paixão.
O otimismo de Gesink não encontrou ressonância nos mais lúcidos e, aos 28 anos, poucos acreditaram que o homem que chegou à elite profissional em 2007, na Rabobank, e saiu do anonimato na época seguinte, quando ganhou uma etapa na Volta à Califórnia, a rainha do Paris-Nice e terminou em quarto na Fléche Wallone e no Critério do Dauphiné, pudesse voltar ao mais alto nível. No entanto, à partida da Volta a Espanha, no final de agosto, ele lá estava.
“Claro que acreditava que era possível voltar, de outra maneira não teria feito a cirurgia. O ano passado foi um ano para esquecer, mas agora é tudo diferente. É um novo começo”, disse à agência Lusa.
O líder da Lotto NL-Jumbo garante que encara a nova oportunidade que a vida e o ciclismo lhe deram com o entusiasmo de um ‘novato’, deslumbrado por poder estar no pelotão da Volta ao Algarve, que hoje enfrenta a terceira etapa, um contrarrelógio de 19 quilómetros entre Vila do Bispo e o Cabo de São Vicente.
“Estou a sentir-me bem e a desfrutar do ciclismo, apreciá-lo como nos primeiros anos”, reconheceu.
Quinto classificado na Volta a França de 2010, o resultado mais brilhante da sua carreira – também foi sexto na Vuelta em 2009 e 2012 -, Gesink encara a prova rainha do calendário velocipédico como a grande meta de 2015.
“Provavelmente, o ‘Tour’ é a prova mais importante, o meu grande objetivo. Antes disso, tenho as clássicas na Holanda e na Bélgica”, resumiu, rejeitando assumir, desde já, que quer estar na contenda pela amarela mais apetecida: “Veremos se estarei na luta. Penso que, se estiver bem, se tudo correr como planeado, sem azares, poderei estar com os melhores, mas ainda está longe, muito longo daqui”.
Por Lusa