A HOMENAGEM QUE FALTA A UM ILUSTRE ALGARVIO

10:41 - 17/04/2022 OPINIÃO
Por: António Grosso Correia

Se é verdade que a obra projeta o seu autor para além da morte, também é verdade que nem toda a obra atinge esse patamar de distinção, pois ele emerge de feitos ímpares e notáveis.

Portugal, ao longo da sua história, tem tido o privilégio de ver projetado o seu nome através de feitos praticados por alguns dos seus mais ilustres filhos, seja na descoberta de novos mundos, seja no âmbito científico, de tudo tendo a Humanidade sido a maior beneficiária.

Neste escol de notáveis, encontra-se o Almirante Gago Coutinho, precursor da aviação mundial, já que foi o primeiro aviador, acompanhado de Sacadura Cabral, a efetuar a travessia aérea do Atlântico Sul, entre Lisboa e Rio de Janeiro, feito que, aliás, pela sua dimensão universal, veio a merecer destaque, também pela Unesco, ao ser, por esta agência especializada das Nações Unidas, declarado Património da Humanidade, pela inscrição no Registo da Memória do Mundo, em 27 de julho de 2011.

Nas investigações que levou a cabo, no âmbito da navegação aérea, Gago Coutinho foi o criador de um instrumento indispensável para a aviação de longo curso – o sextante – internacionalmente conhecido por “System Admiral Gago Coutinho” (cfr. The Advent of Scientific Aircraft Navigation).

Além de oficial de Marinha e aviador, Gago Coutinho foi também matemático e geógrafo, em todas estas áreas se tendo destacado, como cientista de primeiro grau.

Porém, o que ora está na “ordem do dia”, em que decorrem as comemorações do primeiro centenário da mencionada travessia aérea é, evidentemente, aquela faceta de aviador e de pioneiro da aviação mundial.

Nesta conformidade, e pelo que atrás se refere, afigura-se da máxima justiça e oportuno homenagear condignamente o português ilustre que foi Gago Coutinho, atribuindo ao aeroporto de Faro o nome de Aeroporto Internacional Almirante Gago Coutinho, acrescido ainda da circunstância de este egrégio português, tendo, embora, nascido em Lisboa, ser descendente de algarvios – o pai natural de S. Brás de Alportel e a mãe natural de Faro.

O Algarve ficaria assim duplamente honrado com aquela atribuição.

Acresce que o aeroporto de Faro é, reconhecidamente, a maior porta de entrada no Algarve, sendo também uma extraordinária montra dos valores que a região e o país têm para mostrar a quem nos visita, assim se divulgando também o que os nossos melhores, como Gago Coutinho, deram ao mundo.

Finalmente, atribuir o nome do pioneiro da aviação de longo curso a uma infraestrutura aeroportuária é não só uma merecida homenagem a este insigne algarvio, mas também um acto de exaltação nacional.