Uma bagagem é deixada na pista de aterragem de um aeroporto. A ameaça de bomba obriga ao cancelamento de todos os voos e ao encerramento do aeroporto. É este o ponto de partida de «Terrorismo».
No parque de estacionamento, um Passageiro é levado a participar num bizarro diálogo com dois excêntricos Passageiros. Num apartamento, uma Mulher e um Homem experimentam uma perigosa fantasia. Um acontecimento invulgar perturba o trabalho habitual de um escritório. Duas mulheres do tipo Comadres num pátio acompanham com a sua lengalenga o baloiçar de uma criança atípica. Numa caserna, uma Mulher Fardada executa um interrogatório. Num avião, um Passageiro revela a sua sombra. A ameaça de bomba acompanha-os, a todos, expondo os microterrores privados, os efeitos tóxicos do medo propagados pelos media, pelos pares, pela família e por si mesmo, as infinitas injustiças que cada um pode cometer todos os dias sem punição nas sociedades de controlo actuais.
Composta por uma série de cenas aparentemente independentes, «Terrorismo» é uma espécie de lego mental, desconcertante, que escapa às tentativas de construção de uma linearidade narrativa ou lógica inequívoca.
Apesar do título, em «Terrorismo» não há autocratas criminosos; não há tanques, morteiros ou lança-mísseis; não há Brigadas Vermelhas, FP-25 ou Al-Qaeda. Há um tipo humano em processo de degradação: sem anseio, aspiração, confiança, criatividade, incapaz de distinguir o que o limita e aterroriza na vida de todos os dias, em casa, no trabalho, em espaços públicos. Para ele o Céu é o Inferno, a menos que tome consciência e assuma a responsabilidade sobre os impulsos destrutivos que minam o seu bem-estar existencial.
Sem possibilidade de fuga, é levado a participar numa experiência bizarra, cujas fronteiras entre a realidade e a ficção não são facilmente reconhecidas.
Depois de "Morro como País" (Dez. 2021 - Associação 289, Faro) e de "Antígona" (Fev. 2022 - Antiga Fábrica da Cerveja), espectáculos que contaram com a participação de alunas estagiárias do 2º ano do Curso Profissional de Intérprete/Actor/Actriz da Escola Secundária Tomás Cabreira (Faro), ao lado das artistas Marta Gorgulho, Neusa Dias e Sara Martins, chega agora à cena «Terrorismo», a terceira criação de Cenas de Teatro, a partir do texto "Terrorismo" de Irmãos Presniakov, com dramaturgia e encenação de Neusa Dias.
No elenco destaca-se a interpretação de Bruno Martins, Marta Gorgulho e Neusa Dias, actores profissionais, que se encontram em cena com oito alunos-estagiários do 3º ano do Curso Profissional de Artes do Espectáculo da Escola Secundária Tomás Cabreira, parceira do projecto Cenas de Teatro: Beatriz Rêgo, Catarina Catalão, Guilherme Gomes, Jonas Ajami, Joel Carvalho, Henrique Manso, Sofia Louro e Sofia Tluczykont.
A equipa conta também com o trabalho das estagiárias Jamila Mendes, responsável pela Ilustração e Vídeo do espectáculo, Érika Estrela na operação técnica e Rayssa Fernandes na assistência de ensaios. As tarefas de bastidores e frente-casa são confiadas a alunas estagiárias do 2º ano do Curso Profissional de Intérprete/Actor/Actriz: Lara Belmonte (Caracterização), Catarina Correia, Maria Carrajola e Rita Ferreira (Cabelos), Lia Férin (Operação Técnica), Iara Jesus, Maria Sousa, Lara Ramos e Ana Ferreira (recepção de público e assistência de sala).
«TERRORISMO» (espectáculos)
22 - 23 – 24 ABRIL | sexta e sábado - 21h30 + domingo – 17h | Antiga Fábrica da Cerveja (Faro)
Preço: 6€ (desconto para estudantes de Artes Performativas). Bilhetes disponíveis nos dias e local de apresentação ou reserva/compra antecipada através dos contactos de Cenas de Teatro.