Bloco de Esquerda: «Orçamento de Estado para 2022 continua a desprezar o Algarve»

11:43 - 29/04/2022 POLÍTICA
A Comissão Coordenadora Distrital do Bloco de Esquerda/Algarve esteve reunida, tendo debatido a grave crise económica e social que continua a vigorar na região.

Em comunicado, o Bloco de Esquerda afirma que «o Algarve é a região do país em que, por força da pandemia e da monocultura do turismo, a crise tem sido mais aguda, com elevados índices de desemprego, de precariedade, encerramento de muitas micro e pequenas empresas e de exclusão social. Os apoios do governo, ou não existiram, ou foram muito insuficientes».

«Com a invasão russa e a guerra na Ucrânia – que o Bloco de Esquerda condenou com veemência desde a 1.ª hora – a crise socioeconómica está a fazer-se sentir de forma dramática na região, ainda não refeita das nefastas consequências da covid-19. As dificuldades dos trabalhadores e populações algarvias não param de aumentar, acrescidas com a inflação e carestia de vida e os baixos salários», acrescenta o partido. 

«O Orçamento de Estado para 2022 do governo PS é mais do mesmo, é igual ao que já tinha apresentado e sido chumbado pelo BE por não corresponder às necessidades dos portugueses. Agora, com o disparar da inflação para mais de 4%, os preços e os impostos vão subir. Mas os trabalhadores vão ter um corte real nos salários e pensões, tanto no setor público como no privado e a reestruturação empresarial vai levar ao despedimento de milhares de trabalhadores. Com este Orçamento o povo português vai ficar mais pobre, sobretudo no Algarve, pois continua a não dar resposta e agrava ainda mais a vida das pessoas. A degradação dos serviços públicos vai ser uma realidade, com destaque para o SNE e a Escola Pública», reforça o Bloco de Esquerda. 

Para o partido político, «o Orçamento de Estado para 2022 continua a desprezar o Algarve – não há investimento público, obras estruturantes há muito anunciadas continuam a não passar do papel, como o tão almejado Hospital Central, os investimentos nos Hospitais de Faro e de Portimão, a requalificação da EN 125 entre Olhão e Vila Real de Santo António, a modernização do transporte ferroviário, a construção de um plano de gestão e eficiência hídrica, a requalificação de portos e lotas e o desassoreamento de barras e canais».

«Esperemos que o Plano de Recuperação e Resiliência não funcione como uma autêntica miragem. Tanto o Orçamento como o PRR deverão ser instrumentos para a diversificação da economia regional pelo apoio a projetos com forte componente de inovação em áreas como as energias alternativas, a investigação agrária e o reordenamento do território», espera.

«O que o governo tem a fazer é canalizar os investimentos que o Algarve necessita, uma região tão duramente atingida pela crise. Importa robustecer os apoios para a construção de habitação para todos. Assim como promover a subida real dos salários dos seus trabalhadores e adotar medidas de combate à precariedade, ao desemprego e contra a pobreza e a exclusão social», frisa o partido. 

«Com este Orçamento e após as eleições legislativas cheias de promessas, o governo PS e os seus governantes continuam, de forma ostensiva, a ignorar e a desprezar o Algarve, os seus trabalhadores e as suas populações. Em vez de sacrificar os trabalhadores e restante população, o que o governo devia fazer era pedir contas ao grande patronato pelos lucros imorais que agora está obtendo na eletricidade e nos combustíveis, nos bens alimentares, na habitação. Em vez de lhe cobrar a falsa 'responsabilidade social' que apregoa, encosta-se a ele e só pensa em ter um Orçamento que nem chega para os mínimos da Saúde, da Educação e dos apoios sociais. Mas para a guerra, escandalosamente, já parece ser possível, se for atrás das propostas da direita em aumentar as verbas para o setor da 'defesa'», acrescentou o Bloco de Esquerda no comunicado. 

«A Comissão Coordenadora Distrital do BE/Algarve saúda todos os trabalhadores e restantes populações do Algarve, e exorta-os a participarem nas manifestações do 1.º de Maio e noutros movimentos e lutas nas empresas e na rua, por melhores condições de vida e pelo direito a viverem com dignidade. A CCD saúda também a União dos Sindicatos do Algarve – CGTP, que organiza essa jornada levantando as reivindicações mais sentidas nestes dias para a defesa das condições de vida e de trabalho dos trabalhadores e da população da região», termina o Bloco.