Isabel Neves – CHUP / Núcleo de Estudo de Doenças Respiratórias da SPMI
A asma é uma doença respiratória crónica que afeta cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Embora seja muitas vezes associada a crianças e jovens, pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, pelo que este diagnóstico deve ser considerado mesmo quando os sintomas só surgem na idade adulta.
Caracteriza-se por sintomas respiratórios cuja frequência e intensidade variam ao longo do tempo. Os mais comuns são a falta de ar (dispneia), a tosse, a pieira e a sensação de opressão torácica. Estes sintomas podem ser desencadeados por vários fatores, por exemplo, alergénios (pólen, ácaros, pelo de animais...), infeções respiratórias, fumo de tabaco, exercício físico e stress.
O diagnóstico é essencialmente clínico, embora deva ser confirmado através da realização de alguns exames, designadamente uma espirometria com broncodilatação.
O tratamento da asma é determinado pela gravidade clínica e tem como objetivo não só controlar os sintomas, mas também reduzir o risco de crises/agudizações e prevenir a deterioração da função pulmonar. A maioria dos fármacos é administrada por via inalatória, embora também haja alguns de administração oral, subcutânea ou endovenosa. Durante muito tempo houve poucos avanços nesta área, no entanto, nos últimos anos surgiram novas classes terapêuticas (anticorpos monoclonais) que têm contribuído para um melhor controlo dos casos mais graves.
Embora a asma não tenha cura, com todas as opções terapêuticas disponíveis é possível controlar a doença em quase todos os doentes. Assim, em pessoas sintomáticas, é importante perceber se se trata de uma asma grave (este é o caso em apenas 5% dos doentes) ou se será uma asma não controlada por diversos fatores: não adesão à terapêutica, uso incorreto dos inaladores, exposição mantida a alergénios, entre outros. Logo, é essencial que sejam aproveitados todos os contactos com os cuidados de saúde para analisar de forma detalhada estes aspetos, incluindo a revisão e otimização da técnica inalatória e/ou ajuste da medicação.
É também de referir que, frequentemente, os doentes asmáticos nem sequer se apercebem que têm sintomas não controlados; como estão tão habituados a terem sempre alguma queixa, já as consideram “normais”. Portanto, é importante voltar a salientar que os objetivos do tratamento da asma são: eliminar todos os sintomas, permitir que o doente não tenha qualquer limitação nas suas atividades diárias, fazer com que não seja necessária a utilização de medicação em SOS, prevenir as agudizações, e manter uma função respiratória normal ou praticamente normal. Se todos estes não estiverem a ser alcançados, é preciso investigar o motivo.
Por outro lado, visto que a asma é uma doença caracterizada por inflamação crónica das vias aéreas, mesmo quando se atinge o desejado controlo dos sintomas, é fundamental manter o cumprimento do plano terapêutico.
De forma a garantir um diagnóstico atempado e um tratamento apropriado desta doença, é indispensável um maior conhecimento sobre asma tanto por parte dos profissionais de saúde como também dos doentes e da população geral. Só assim conseguiremos cumprir o objetivo de identificar e tratar adequadamente todas as pessoas com asma.