Por: Manuel Possolo Viegas
Muitos anos se passaram
Já vivi uma longa vida
Contei dias, contei anos
Não foi uma vida perdida
Chorei lágrimas e sorrisos
Amei e fui amado
Fui grande sem presunção
Também fui agradecido
E servi esta nação
Era apenas uma criança
Já passaram muitos anos
Hoje já sou um idoso
O passado é uma lembrança
Assusta-me ver os dias
A passarem velozmente
As horas não são tardias
Atormenta muita gente
Ninguém é dono de si
Ninguém é o que quer ser
Todos temos a nossa cruz
É assim até morrer.
Os pés vão-se arrastando
As pernas estão cansadas
Dias tristes amargurados
As noites são madrugadas
Nascemos com dois destinos
Um deles eu já cumpri
Não posso dobrar o tempo
Do tempo que já vivi
Cabelos brancos aparecem
As rugas estão presentes
Temos duas netas queridas
Por tudo estamos contentes
Perguntei ao vento quem sou
O vento sorriu e disse
Quem tu és eu não sei
Pergunta à nuvem que soprei
Perguntei à nuvem que me disse
Coisas que não gostei.