Quem eu sou

15:43 - 28/08/2022 OPINIÃO
Por: Manuel Possolo Viegas

Perguntei ao vento quem sou

O vendo sorriu e disse

Quem tu és eu não sei

Pergunta à nuvem que soprei

Perguntei à nuvem que me disse

Coisas que não gostei

 

Muitos anos se passaram

Já vivi uma longa vida

Contei dias, contei noites

Não foi uma vida perdida

 

Nascemos com dois destinos

Um deles eu já cumpri

Não posso dobrar o tempo

Do tempo que eu já vivi

 

Ninguém é dono de si

Ninguém é o que quer ser

Todos temos a nossa cruz

É assim até morrer

 

Chorei lágrimas e sorrisos

Amei e fui amado

Fui grande sem presunção

Também fui agraciado

Por servir esta nação

 

Assusta-me ver os dias

A passarem velozmente

As horas não são tardias

Atormentam muita gente

 

Já passaram muitos anos

Era apenas uma criança

Hoje já sou mais velho

O passado é uma lembrança

 

Dias tristes amargurados

As noites são madrugadas

Os campos estão verdejantes

Perdura, assim, a esperança

 

Não podemos perder a fé

Dom que alguém nos deu

Ninguém sofreu quanto Ele

Mas ele também morreu

 

A linha que percorremos

Não foi por nós traçada

Foi alguém que ajudou

Para que fosse alcançada

 

Nem sempre a vida sorri

Também temos sofrimento

A vida é mesmo assim

Todos temos o nosso tempo

 

Não somos ricos, nem pobres

Somos só abençoados

Damos alegrias aos amigos

Um dia seremos lembrados

 

A rosa depois de seca

Foi-se queixar ao jardim

E o jardim respondeu

Não há princípio sem fim