Fotos Nathalie Dias | D.R.
VIII Feira da Dieta Mediterrânica em Tavira [c/fotogaleria]

19:20 - 08/09/2022 TAVIRA
A cidade de Tavira voltou hoje a receber a Feira da Dieta Mediterrânica, para a sua oitava edição.

O evento vai realizar-se de 08 a 11 de setembro. O programa inclui feira institucional com a presença de outros países, entidades regionais e nacionais; patrimónios imateriais classificados pela UNESCO; expositores de artesanato e produtos tradicionais; mostras botânicas e de sementes; restauração; provas e petiscos; música da geografia do Mediterrâneo.

Na inauguração, realizada no Jardim do Coreto, esteve presente a Presidente da Câmara Municipal de Tavira, Ana Paula Martins e a Ministra da Coesão Territorial Ana Abrunhosa. 

A Presidente da Câmara Municipal de Tavira, Ana Paula Martins, reforçou a importância da feira e do reconhecimento da UNESCO. «Tudo aquilo que visitamos aqui hoje, é trabalho de todos os membros da Comissão Organizadora», frisou. A autarca lembrou ainda os «trabalhadores do Município e os vários parceiros que fazem a feira acontecer».

Ana Paula Martins destacou a programação cultural, como a música dos vários países, que estará presente no cartaz. «A Feira cresceu, pois vamos ter um palco, após o Mercado da Ribeira», frisou.

«Este é um projeto essencial para o concelho», disse ainda.

Por sua vez, Ana Abrunhosa começou por definir esta como uma feira «do património gastronómico e cultural». A Ministra da Coesão Territorial agradeceu ainda a todos os que fazem parte da Feira da Dieta Mediterrânica.

«O que eu desejo, é que este seja um evento de sucesso e que as vossas expectativas como visitantes se superem em grande medida. Também precisamos celebrar a vida e aquilo que é nosso, como a Dieta Mediterrânica. Somos únicos no mundo», disse Ana Abrunhosa.

A Ministra da Coesão Territorial lembrou ainda a importância da sustentabilidade, associada ao estilo de vida da Dieta Mediterrânica. «É [uma dieta] sustentável, que promove uma agricultura que consome menos água, produz menos carbono, preserva a biodiversidade e é resiliente às alterações climáticas. Por isso, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura classificou a Dieta Mediterrânica como ‘amiga do ambiente’», realçou ainda.

Ana Abrunhosa salientou que esta é uma dieta «amiga do território», uma vez que valoriza também o interior. «Promover a Dieta Mediterrânica, também é promover a coesão territorial», finalizou. 

 

Dieta Mediterrânica deve ser fonte de inovação em áreas como saúde

A inovação associada à Dieta Mediterrânica deve ser explorada para ajudar a dinamizar o tecido económico do Algarve, em áreas como a cultura, a saúde ou a alimentação, defendeu hoje o presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional do Algarve.

José Apolinário participou hoje, em Tavira, no Seminário Saúde, Alimentação e Dieta Mediterrânica, onde afirmou que esta vertente da cultura da bacia do Mediterrâneo tem sido falada “só do lado da Cultura”, mas que é preciso ao mesmo tempo “enfatizar o tema da saúde e alimentação”, potenciando também o turismo.

“Temos falado de Dieta Mediterrânica só do lado da Cultura, e ela também é parte integrante deste projeto, mas é preciso focar o lado da saúde e da alimentação até para valorizar aquilo que é diferente”, afirmou o presidente da CCDR do Algarve sobre este património imaterial da humanidade reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2013.

José Apolinário considerou que a Dieta Mediterrânica deve ser a “âncora” ou o “chapéu” para os projetos do próximo quadro comunitário de apoio 2030 e sublinhou a necessidade de os produtos regionais serem desenvolvidos e promovidos neste âmbito, constituindo-se como “uma marca que diferencia” o Algarve.

“Quando o turismo promove iniciativas como o enoturismo, está a promover também a Dieta Mediterrânica e, muitas vezes, fala-se deste pacote do enoturismo e não se fala da Dieta Mediterrânica”, exemplificou José Apolinário, sublinhando que a entrega de produtos regionais algarvios a turistas no aeroporto também “promove as características da região”.

A mesma fonte apontou ainda o projeto anunciado pela Comunidade Intermunicipal do Algarve de, num “esforço concertado entre todos os municípios, nas refeições escolares passar a haver produtos locais”, frisando que, desta forma, se está também a promover este património imaterial.

“Agora temos de dar um passo em frente, temos de atualizar o Plano de Salvaguarda [da Dieta Mediterrânica}, reduzir o número de ações para poderem ser monitorizadas, ser mais ambiciosos e exigentes em relação a essas ações”, antecipou, considerando que a Dieta Mediterrânica “não pode ser apenas vivida quando se organiza a feira” e tem de “fazer parte daquilo que é a matriz da ação concertada ao longo do ano”.

“É com essa visão que temos de construir a atualização do plano de salvaguarda”, acrescentou, salientando a necessidade de “inovar na gastronomia e na cozinha” ou “apoiar mais investigação e conhecimento sobre a Direta Mediterrânica em todas as suas vertentes, da cultura, do bem-estar, da saúde”.

Tavira é a comunidade representativa da Dieta Mediterrânica que liderou a candidatura a património imaterial da humanidade e a presidente da Câmara, Ana Paula Martins, disse à agência Lusa que a abertura, hoje, da 8.ª edição da Feira da Dieta, assinala um regresso a um ponto alto das atividades relacionadas com este património, após um interregno de dois anos por causa da pandemia.

“Na altura olhámos para a Dieta como projeto âncora para ajudar a promover o concelho e acho que acabou por acontecer, estávamos no meio de uma crise em 2013, e acho que Tavira pegou nesse reconhecimento e usou-o para promover e dinamizar o seu tecido económico”, considerou a autarca, frisando que na “fase inicial” o projeto se focou mais “na vertente da gastronomia, da promoção do território e da nossa cultura e identidade”, e agora deve evoluir também nas áreas da formação e da criação de competências.

A autarca afirmou que o seminário realizado hoje na cidade demonstra que “a multidisciplinaridade da dieta, esta associação à alimentação, à saúde, à prevenção de doenças, ou mesmo à agricultura, com práticas de cultivo mais sustentáveis e mais amigas do ambiente, poderá ser um fator muito importante” para “no futuro se diversificar a base económica da região”.

O desenvolvimento de projetos culturais, o aproveitamento de recursos endógenos, como alfarroba e amêndoa, vão permitir aproveitar “este grande chapéu” da Dieta Mediterrânica para “desenvolver várias vertentes”, complementando-as com a “atividade económica principal da região, o turismo, para que possam “ser um cartão-de-visita para impulsionar atividades económicas à volta” deste património imaterial da humanidade.