No sentido de continuar o seu trabalho de sensibilização e informação sobre os desafios lançados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em termos de saúde alimentar até 2020, o projecto nacional “Movimento2020”, criado pela Associação Portuguesa de Dietistas (APD), irá dedicar uma semana ao tema “Mais Água Menos Sal”, de 16 a 22 de Março.
Em 2015, o Movimento2020 tornou-se parceiro de dois programas internacionais no âmbito da Saúde Alimentar: o World Action on Salt and Health, que pretende promover a diminuição do consumo de sal, e o Nutrition and Hydration Week promovido pela Leeds City Council, que trabalha o aumento do consumo de água. Desta forma, nasce a semana “Mais Água Menos Sal” do Movimento2020 que pretende alcançar Cidadãos, Poder Central, Indústria e Profissionais de Saúde.
“São duas preocupações reais na saúde alimentar dos portugueses: Decidimos juntá-los e alertar a população sobre os malefícios da má ingestão de água e sal, já que bebemos menos água do que devíamos, nomeadamente em ambiente hospitalar, e consumimos muito mais sal do que é o recomendado pela Organização Mundial de Saúde”, refere Zélia Santos, Presidente da APD.
Para este alerta, o Movimento2020 preparou uma série de actividades que irão envolver vários públicos-alvo. Além de acções programadas por todo o país pelos vários Dietistas da Associação Portuguesa de Dietistas, o Movimento2020 irá disponibilizar informação destinada à população em geral nas suas plataformas digitais, site e Facebook, acerca do consumo de água e sal. Além disso, nesta semana será feito o lançamento de uma história infantil acerca do consumo dos mesmos, destinada a crianças, a disponibilizar também no site do Movimento2020. O mesmo deverá ser utilizado por pais, educadores e professores.
Lançamento do Estudo “Desconhecendo o Estado de Hidratação dos Doentes”
Nesta semana serão também divulgados e discutidos, em várias plataformas, os dados do estudo “Desconhecendo o Estado de Hidratação dos Doentes”, efectuado por um grupo estudantes da ESTeSL no âmbito dos seus estágios curriculares, a uma amostra de 243 doentes internados em vários hospitais da zona metropolitana de Lisboa, dos quais 57,6% com idade inferior a 70 anos, 42,4% com idade igual ou superior a 70 anos, 43,6% Mulheres e 56,4% Homens. Inquiriu-se acerca da ingestão de líquidos em casa e no internamento, de forma a poder comparar-se ambas as situações.
O estudo concluiu que a ingestão de líquidos média em casa é de 1,3L, sendo inferior ao recomendado nas pessoas de idade igual ou superior a 70 anos, que é de 1,5 a 2L por dia. No hospital a média é ainda mais baixa, 1,2L, tanto nas pessoas de idade inferior a 70 anos quanto nas pessoas de idade igual ou superior a 70 anos. Os dados revelam ainda que 70,4% dos inquiridos diminuiu a ingestão de líquidos no hospital em relação ao habitual. Concluiu-se também que 59,6% dos inquiridos bebe menos de 1000 ml de água por dia no domicílio. “Sabendo que em idade sénior as pessoas passam mais tempo em casa, estes resultados são alarmantes e exigem uma rápida actuação por parte dos profissionais de saúde e da população em geral”, acrescenta Zélia Santos.
A água representa cerca de 70% do peso corporal de um adulto e 50% do peso corporal de um idoso e é fundamental para grande parte das funções vitais do organismo. É comum o corpo humano libertar diariamente de 2 a 2,5L de água, pelo que as necessidades hídricas diárias variam entre 2,7 e 3,7L por dia, dos quais 1,5 a 2L devem ser supridas através da ingestão de líquidos, o que equivale a 8 a 10 copos de água. Os sinais de desidratação são mais que muitos pelo que devemos estar alerta a: sonolência excessiva, confusão mental, fraqueza, agitação, indisposição, dores de cabeça, boca seca ou com pouca saliva, choro sem lágrimas, diminuição da urina ou urina de cor forte, diminuição da pressão arterial, aumento da frequência cardíaca, tonturas, irritabilidade, perda de peso e aumento de infecções. Em casos extremos, pode levar à morte.
Com a finalidade de obter um adequado Plano de Hidratação, devemos promover o consumo de água e infusões ao longo do dia, sem adição de açúcar, em detrimento de outros líquidos, bem como o consumo de alimentos ricos em água, suprindo as necessidades hídricas diárias.
Menos Sal à mesa
Uma vez assumidas as preocupações com a hidratação, é tão ou mais importante abordar o consumo de sal. O sal é composto por cloro e sódio, sendo designado quimicamente por cloreto de sódio. O sódio é considerado o componente do sal que pode ser prejudicial à saúde. Sabia que 400 mg de sódio é equivalente a 1g de sal, e que uma colher de café de sal equivale, aproximadamente, a 2g de sal?
Segundo a OMS, o consumo diário de sal não deve exceder 5g para um adulto, o que equivale a menos de uma colher de chá de sal. No entanto, sabe-se que os portugueses fazem um consumo de 10,7g de sal diários, estando acima do consumo praticado pelos países europeus. Assim sendo, coloca-se uma questão pertinente: como reduzir o consumo de sal em Portugal?
O Movimento2020 salienta que cerca de 25 a 30% do consumo de sal está totalmente sob o controlo do consumidor que, muitas vezes, não está desperto para a quantidade excessiva que consome. Grande parte do consumo de sal advém de produtos alimentares processados e do consumo de refeições pré-confecionadas e de snacks, bem como de pão e queijo, pelo que é a estes alimentos que devemos ficar especialmente atentos, nunca esquecendo a adição de sal nas confeções, que agrava o problema. Segundo Zélia Santos, “há que lembrar que o elevado consumo de sal se encontra diretamente ligado ao aumento da pressão arterial, que surge associada às doenças cardiovasculares, responsáveis pelo maior número de óbitos no nosso país”.
Desta forma, de 16 a 22 de Março, o Movimento2020 e a Associação Portuguesa de Dietistas defende que, promover um adequado Plano de Hidratação ao longo do dia, associado a escolhas alimentares inteligentes, com o mínimo de sal adicionado, recorrendo à confeção de pratos tradicionais sem sal, utilizando ervas aromáticas, especiarias, alho, limão e outros temperos que os tornem igualmente saborosos, é assumir um comportamento responsável e sustentável para si próprio e para todos aqueles que partilham a mesa connosco.
“Dê início a esta semana com pequenos passos, iniciando o caminho que todos temos a percorrer, na adoção de uma alimentação saudável, promotora de saúde e felicidade, começando pelo aumento da hidratação e pela redução do consumo de sal desde a tenra idade até ao fim da vida”, conclui Zélia Santos.
Para mais informações consulte:
www.movimento2020.org ou https://www.facebook.com/Movimento2020
Por ONMI