QUE MAIS ESTARÁ PR’A VIR?

09:00 - 22/10/2022 OPINIÃO
Por F. Inez

Como bem sabemos, todas as etapas da vida têm virtudes e defeitos … vantagens e inconvenientes … o ser humano não é perfeito em nenhuma das fases da sua vida. Se a juventude tem à sua frente a incerteza do futuro, ela mantém a esperança, a ambição, o sonho e a ânsia de viver … já a velhice usufrui da consumação do passado, com todas as alegrias e tristezas que a vida lhe proporcionou … com as tragédias, mas também com a felicidade dos bons momentos!

Costuma até dizer-se que o idoso não está em lado nenhum, ele está em todos os lugares por onde passou, em todo o seu passado … bom ou mau … com as alegrias e tristezas que o destino lhe reservou! Vem isto a propósito daquilo a que costumamos chamar de santa ingenuidade da juventude … a inexperiência da vida … naquela idade em que todos temos o coração a transbordar de ideais e utopias e a convicção de que vamos mudar o mundo e corrigir todos os males que o atormentam!

Pela minha parte, na minha juventude, antes de entrar na vida real, ainda me lembro da “firme” convicção de que o mundo teria a inevitável tendência para caminhar no sentido da perfeição … tudo aquilo que estava mal, cedo ou tarde se haveria de corrigir… para tanto bastaria o nosso contributo … o de todos os homens de boa vontade! Santa ingenuidade …!! … Bem cedo inevitavelmente comecei a constatar que o mundo real nada tinha a ver com aquele mundo virtuoso que eu tinha idealizado.

É que a natureza do ser humano se mantem a mesma desde os primórdios daquilo a que chamamos Civilização, desde o homem primitivo … o homem das cavernas ... até aos nossos dias … que tinha que defender a pele dos inimigos e das feras! Basta mergulharmos na já longínqua História da Humanidade para darmos razão a Vergílio Ferreira que um dia bem nos avisou “… a História por onde passa deixa um rasto de criatividade, mas também um rasto de sangue …”.

Na realidade lá iremos encontrar centenas senão milhares de conflitos de que terão resultado milhares de milhões de vítimas.

Mesmo deixando de lado os conflitos historicamente mais longínquos, como a célebre Guerra dos 100 anos e tantas outras, a tristemente célebre Inquisição, e séculos mais tarde, de entre muitas outras, a Revolução Francesa e a sua celebérrima guilhotina, as Campanhas de Napoleão Bonaparte por essa Europa fora, a Revolução Russa de 1917 com o tristemente célebre Arquipélago Goulag, o genocídio de Pol Pot e a Grande Guerra de 1914-18, de que viriam a resultar muitos milhões de mortos …  alguns de nós são já contemporâneos da Guerra Civil Espanhola, da Grande Guerra de 1939-45 e do Holocausto … um dos mais abjetos crimes da História …   a nossa guerra colonial de má memória … e ainda a tristemente célebre Guerra Fria que opôs o Mundo Ocidental à União Soviética … até que finalmente ultrapassada esta última, não obstante alguns conflitos regionais, houve até pensadores que prognosticaram … pelos vistos com alguma ingenuidade …  o Fim da História!

Mas a instabilidade do mundo em que vivemos não se fica por aqui … para alem das grandes catástrofes naturais que periodicamente assolam o Planeta, temos hoje a ameaça permanente das alterações climáticas e das pandemias que nos espreitam e os atentados terroristas sem sentido com as suas numerosas vítimas inocentes, que frequentemente se vêm sucedendo.

Como se tudo isto não bastasse para vivermos apreensivos … subitamente e sem que nada o justificasse a loucura imperialista de um monstro ameaça colocar o Mundo à beira de uma catástrofe nuclear … com uma guerra sem sentido … a guerra da Ucrânia! ´Que mais estará para pr’a vir? … Esperemos que uma onda de bom senso possa contaminar a Humanidade … e atenuar o sobressalto em que vivemos.