Diana Torres, a nadadora com Síndrome de Down que sonha ser atriz

12:55 - 21/10/2022 DESPORTO
Aos 23 anos, a pequena Diana Torres sonha ser atriz, e, por isso, quer estudar teatro em Lisboa, mas, por agora, o seu «palco» é a piscina, onde conquista medalhas em competições para nadadores com Síndrome de Down.

Diana Torres, atleta do FC Porto, é recordista mundial dos 200 metros bruços e detentora de várias medalhas internacionais, as últimas das quais duas de bronze conseguidas esta semana nos Mundiais para atletas com Síndrome de Down, que decorrem até sábado em Albufeira.

A nadadora da Maia conta, à agência Lusa, que começou a competir ao mais alto nível em 2012, mas lembra que foi para a natação com quatro anos por questões de saúde.

“Eu era muito pequenina, ainda hoje sou, e decidiram pôr-me na natação. Na altura, tinha algum medo”, afirma Diana, lembrando que “tinha muito medo” e que, por isso, “estava sempre agarrada ao pescoço da avó”.

Depois de terminar a escola, Diana frequentou um curso profissional na área da cozinha, e garante “fazer bolos muito bons”, mas o seu grande sonho é ser atriz e conseguir entrar numa novela.

“Quero ir para Lisboa e fazer um curso de teatro” assume, assegurando que isso não a impedirá de continuar a nadar, porque na piscina sente “felicidade e liberdade”.

Cada vez que alcança bons resultados sente que o seu trabalho “é recompensado” e fica feliz “por saber que os treinadores e a família também ficam contentes”.

O apoio da família nas grandes provas “é muito importante”, e conta que a mãe chora sempre que a vê no pódio, porque, diz, “as mães são assim, choram sempre pelos filhos”.

Diana Torres sabe que não pode participar nos Jogos Paralímpicos, e considera isso “uma injustiça”.

“Não existe uma classe para nós, só poderíamos ir com os atletas da deficiência intelectual, mas esses tem o corpo maior e mais forte do que nós. Não conseguimos”, refere, inconformada.

Diana confidencia que, “às vezes, sente” que as pessoas não a aceitam bem por causa da Síndrome de Down, e não consegue perceber porque é que isso acontece, uma vez que, garante: “Consigo fazer quase tudo o que toda a gente faz”.

A nadadora do FC Porto está entre os 10 representantes portugueses nos Mundiais DSISO, uma competição que decorre até sábado e que junta cerca de 200 atletas, de 24 países.

Após três dias de competição, Portugal soma 21 medalhas, sete das quais de ouro, e ocupa o segundo lugar no quadro de medalhas, atrás da Grã-Bretanha, que tem 24 subidas ao pódio, e à frente da Itália, que é terceira, com 15.