Fotos Filipe Vilhena | D.R.
Loulé aposta na tecnologia para criar Mercado Local Voluntário de Carbono

10:15 - 20/01/2023 LOULÉ
O objetivo é acelerar neutralidade carbónica.

A tecnologia e a sustentabilidade estão de «mãos dadas» no protocolo assinado ontem, dia 19 de janeiro, entre o Município de Loulé e o CEIIA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento. O nosso jornal esteve presente no evento. 

A criação de um Mercado Local Voluntário de Carbono é um dos projetos desta nova parceria, que pretende também alertar para a justiça climática em Loulé. De um modo geral, pretende-se usar a tecnologia como «instrumento» ao serviço da sustentabilidade, valorizando as ações dos cidadãos que contribuam para tornar Loulé numa cidade neutra em carbono.

O Município de Loulé e o CEIIA pretendem reduzir as emissões de carbono na mobilidade, integrar Loulé na rede de cidades neutras em carbono, quantificar o stock de carbono e o potencial do sequestro pela biomassa vegetal e propor medidas transversais de justiça climática na gestão autárquica.

 

Plataforma AYR

Mas como será possível quantificar, em tempo real, as emissões de carbono evitadas quando um cidadão usa um modo de mobilidade sustentável? Através da plataforma AYR. A partir daí serão gerados «créditos» em cada ação, ou seja, criados ativos ambientais transacionáveis que poderão ser trocados por novos bens e serviços verdes, no ecossistema da cidade, que permitam compensar as emissões emitidas com as emissões evitadas. É esse Mercado Local Voluntário de Carbono, através desta nova «moeda da sustentabilidade», que se pretende formar em Loulé, possibilitando ao cidadão «valorizar um determinado tipo de comportamento que ele possa adotar e tenha impacto no seu dia-a-dia».

À margem da assinatura do protocolo, que decorreu no Palácio Gama Lobo, José Rui Felizardo, administrador do CEiiA, explicou que os dados serão recolhidos através de um device colocado nas bicicletas, carros, autocarros, scooters ou outros meios, permitindo a leitura de forma fidedigna. «Este Mercado permite gerar este tipo de transações, com uma grande preocupação que é a de que estes sejam créditos fidedignos, tenham qualidade e impacto na neutralidade carbónica da cidade», ressalvou este responsável.

Foto CM Loulé | D.R.

 

E se há 5 anos, através de um dos créditos gerados, foi possível pagar simbolicamente um café em Matosinhos, agora a ideia é ir mais longe pelo que este será, nestes moldes mais amplos, um projeto pioneiro em Portugal. Loulé será assim «uma espécie de laboratório vivo», como refere o autarca Vítor Aleixo, feliz por assistir a este «casamento» entre as questões ambientais e a tecnologia. Entusiasta deste projeto, adiantou que «a vontade política e os recursos humanos sensibilizados para as questões da neutralidade carbónica» tornam Loulé «num parceiro apetecível».

A par do incentivo aos cidadãos louletanos na adoção de estilos de vida mais sustentáveis, o Município quer também envolver aqui os principais players do mundo empresarial que operam na cidade, como a CIMPOR, o IKEA, o Mar Shopping, o Lidl, o Aldi, entre outros. «Este é um desafio que é lançado a toda a comunidade, às empresas, às famílias, aos cidadãos, todos são chamados a dar aqui o seu contributo», sublinhou.

Ainda no âmbito deste projeto, o responsável municipal disse que Loulé quer agora juntar-se às 8 cidades portuguesas que integram a «Rede de Cidades Neutras em Carbono», o que permitirá dar maior visibilidade às ações, mas também «maior responsabilidade».

 

Concurso público para lançamento bicicletas de uso partilhado/bike sharing em Loulé, Quarteira, Vilamoura e Almancil

Em breve será aberto um concurso público para o lançamento de uma rede de bicicletas de uso partilhado/bike sharing em Loulé, Quarteira, Vilamoura e Almancil, para um período de 5 anos, no valor de 6,7 milhões de euros.

Apontando para o futuro, Vítor Aleixo falou de um novo capítulo que se irá abrir em termos da política ambiental e de ação climática do Município: a justiça climática. «Não haverá mudança no mundo se, associada à transição climática, não formos justos com toda a comunidade. A transição e a adaptação à mudança do clima tem custos incríveis, que não podem ser repercutidos em segmentos específicos de pessoas que normalmente não têm voz e são aquelas que são chamadas a pagar a maior parte da fatura, quando nem sequer são elas os maiores responsáveis pelas alterações do clima», sublinhou.

Recorde-se que esta parceria, ontem formalizada, tem vindo a ser estabelecida ao longo dos últimos meses, e da qual a exposição «O Algarve e o Novo Bauhaus Europeu: NEBbyAYR» que teve lugar de 8 a 23 de outubro de 2022, no Mar Shopping, é disso exemplo.

 

Por: Filipe Vilhena/CM Loulé