«A situação da saúde no Algarve merece uma profunda preocupação e uma nova estratégia política para ultrapassar os constrangimentos que dificultam o acesso da população aos cuidados de saúde».
A conclusão é dos deputados socialistas que integraram uma delegação da Comissão de Saúde que durante dois dias visitou diversos serviços e reuniu com várias entidades do sector da saúde na região do Algarve.
Na sequência dos contactos que estabeleceram e dos dados que puderam recolher, os Deputados do Partido Socialista Luísa Salgueiro, Ivo Oliveira, Sandra Cardoso, Miguel Freitas e Agostinho Santa concluíram também que “o principal fator de inquietação é a falta de recursos humanos, principalmente médicos, enfermeiros, assistentes operacionais e técnicos”.
A título de exemplo, na especialidade de medicina geral e familiar, os deputados verificaram que houve uma redução de 26 médicos entre 2011 e o momento atual, tendo passado de 199 para 173 profissionais. Apesar dos concursos que foram sendo abertos, não foi possível fixar médicos e outros profissionais na região, o que leva a situações de difícil gestão e prejuízo para os utentes.
Na visita foi possível conhecer situações em que, numa única extensão de saúde, coexistem médicos do quadro de pessoal, médicos contratados a empresas de trabalho temporário e médicos estrangeiros (cubanos). “Estas situações são altamente prejudiciais e geradoras de iniquidade para os utentes: uns têm médico português, outros médico cubano, outros médico precário”, concluíram os parlamentares do PS.
De acordo com os dados apurados, verifica-se que, na região, cerca de 30% dos utentes não têm médico de família atribuído (150.000 pessoas), não existem cuidados de saúde mental capazes (as consultas para pedopsiquiatria têm um tempo de espera de anos) e é frequente o recurso a contratos de emprego e inserção para satisfazer necessidades permanentes dos serviços.
Por outro lado, os indicadores de produção do Centro Hospitalar do Algarve revelam, na generalidade, uma quebra de produção tendo havido redução do número de consultas e de primeiras consultas. O total de intervenções cirúrgicas apresenta uma redução de cerca de 34% entre 2010 (21.342) e 2014 (14.037).
Outra constatação foi a de que o INEM está na iminência de perder o apoio de psicologia e que as autarquias algarvias, apesar de não beneficiarem de qualquer compensação financeira, vêm-se obrigadas a substituir-se à Administração Regional de Saúde em muitas das suas competências, como, por exemplo, o pagamento de habitação.
No final destes dias de trabalho, os deputados socialistas verificam que a situação só não assume contornos de maior gravidade graças à competência, dedicação e entrega dos profissionais da área e ao empenho e esforço dos autarcas que suprem várias das lacunas que o território apresenta.
Por: PS Parlamento