Câmara de Vila Real de Santo António quer manter uso de terreno de empresa em risco

09:41 - 02/04/2015 VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO
A Câmara de Vila Real de Santo António anunciou ontem a aprovação de uma moção a prever que o uso do solo onde está localizada a Litográfica do Sul não possa ser alterado caso a empresa seja encerrada.

A moção foi aprovada por unanimidade na reunião de Câmara na terça-feira, na qual estiveram dirigentes sindicais e trabalhadores da empresa afetada, e é fruto da fusão de duas moções às quais a Lusa teve acesso, uma apresentada pelo presidente da Câmara, Luís Gomes (PSD), e outra pelo único vereador da CDU, José Cruz.

Esta resolução para que o uso do terreno se mantenha “afeto ao setor produtivo e que desse facto seja dado conhecimento à administração da empresa” ainda terá de ser aprovada pela Câmara Municipal, como se lê na disposição inicialmente contida na moção da CDU e que foi aceite para a moção final, aprovada por unanimidade na reunião de terça-feira.

A agência Lusa tentou, sem sucesso, obter um comentário do presidente da Câmara.

A moção solidariza-se com os trabalhadores, muitos deles com “mais de 30 anos de casa”, reconhece a importância da empresa na economia do concelho, uma vez que é um dos seus maiores empregadores privados, e considera que um possível encerramento seria “socialmente prejudicial para muitas famílias e para o próprio tecido económico” local.

O texto faz ainda referência ao comprometimento do executivo em envidar os “esforços possíveis para reunir com todos os intervenientes e acompanhar o processo”.

A administração da Litográfica do Sul comunicou aos trabalhadores, numa reunião realizada na sexta-feira passada, que não iam receber o salário de março e só na quinta-feira, dia em que voltaria a reunir com os funcionários, saberia dizer se era declarada ou não a insolvência, disse na ocasião fonte sindical.

Os trabalhadores aguardavam há três meses para saber qual vai ser o seu futuro, depois de terem recebido informações de que a empresa podia fechar portas e despedir os mais de 40 trabalhadores, apesar de ter encomendas.

António Hilário, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE-Sul), disse à Lusa que também se deveria ter reunido com a administração e a administradora judicial indicada, mas após o encontro com os trabalhadores foi-lhe comunicado que “se tinham esquecido de receber o sindicato”.

A mesma fonte disse hoje à Lusa que “a administração ficou de marcar uma outra reunião com o sindicato”, mas até ao momento “isso ainda não aconteceu e o SITE-Sul continua sem saber o que vai acontecer, havendo já o receio de que a administração não compareça nessa reunião marcada para quinta-feira com os trabalhadores”.

 

Por Lusa