PALAVRAS DE FOGO: DESAFIO PARA UM RENASCER | REEDIFICAR!

15:01 - 18/05/2023 OPINIƃO
Por: Padre Carlos Aquino | effata_37@hotmail.com

“Cada criança vem ao mundo com uma mensagem: Deus ainda não está cansado dos homens” (Rabindranath Tagore)

A realidade mais importante da vida é o amor. Tudo o que de mais profundo ansiamos é ser amados e amarmos. Amar com constância, fidelidade e fortaleza. Com a ternura que dispensa palavras e com palavras que fazem arder o coração e nos levantam. O amor, na verdade, tem o poder de transformar todas as coisas e de destrancar todas as portas. O amor reedifica a nossa vida.

O amor não cansa. Um amor que seja livre, oblativo, humilde, verdadeiro, que não se deixe dominar pelo ressentimento, o desprezo e a indiferença, cair no lamento e na vingança. Um amor que não desista, que promova união afetiva, espiritual, que subsista mesmo quando arrefece a paixão e se afirme para lá dos sentimentos e do desejo, seja reflexo de uma aliança indestrutível, forte como a morte, que nos grave como selo no coração do outro. Neste amor se reedificam as famílias, verdadeiras comunidades de vida, se alicerçam os Matrimónios e se valoriza o casamento, nascem e crescem os filhos.

Neste amor a família refloresce em dignidade e promove a comunhão e a unidade na diferença e complementaridade. Assim o amor se torna fecundo. E para muitos casais, que assumem e vivem o seu amor como dom a partir da fé, a sua união familiar é sinal do projeto original de Deus para a humanidade, que ao criar o Homem e a Mulher quis que fossem “um só”, “uma só carne”, tornando-os assim célula fecunda de toda a sociedade humana. Toda a história da humanidade se processa na família onde tem a sua origem, brota do amor aí dado, recebido e acolhido. Aí se gera a vida. Só a partir do amor, a família pode manifestar, testemunhar e regenerar fazendo crescer o amor de Deus no mundo e ensinar a acreditar na força, beleza e verdade da fonte de todo o amor.

É urgente que as famílias vivam a partir do amor, para o amor e no amor. E isto não pode ser um slogan, anúncio doutrinal, ético ou moral, mas deve constituir sempre um profundo desafio à consciência de cada um e de todos. Só um amor que se doa, perdoa, é paciente, espera, se antecipa, respeita, serve, reedifica famílias felizes, cheias de vida e alegria. Diante tanto analfabetismo afetivo, na presente cultura do provisório, amarrados a tantos preceitos e preconceitos ideológicos, que cada vez mais reduzem a verdade da família e do amor, quando se crê que o amor acontece como nas redes sociais: se conecta ou desconecta ao gosto do consumidor e pode ser bloqueado ou apagado segundo o interesse e vontade pessoal é preciso a coragem de famílias livres e felizes, que encontraram sentido na fidelidade e no amor.

Perante o medo do compromisso duradoiro e definitivo, onde tudo parece descartável, é preciso a verdade de tantas famílias que vencendo medos e fragilidades, mostram a alegria e a frescura do amor e são luz no meio da escuridão e das crises, vivendo com serenidade os desafios familiares sabendo guardar no coração as maravilhas que o amor vai tecendo nas suas vidas. São estas famílias que manifestam como um ícone, no modo de se amarem, a verdade do amor cuja fonte é Deus e também, que o modo de Deus amar se torna a medida de todo o amor humano. E que Deus não está cansado dos homens. E o mundo precisa deste sonho de Deus para cada homem e cada família: a reedificação da vida no amor!