Artigo de Opinião - A Coordenadora da Formação Cívica da JSD Loulé, Bárbara do Amaral Correia
Foi recentemente noticiado que a Juventude Social Democrata apresentou um projeto de resolução à Assembleia da República, subscrito, entre outros, pelo presidente da JSD, Cristóvão Simão Ribeiro. Este projeto consiste no alargamento da oferta da disciplina de ciência política nas escolas e na criação de um grupo de trabalho para definir a estratégia para a cidadania no ensino. O imortal Jean Paul Sartre, a propósito da literatura francesa, proferiu: “Il faut prendre position”. Na falta da pertinência da discussão da literatura francesa, aproveite-se, apesar de tudo, o mote: na vida, é necessário tomar posição sobre muitas coisas, mas talvez em poucas coisas de forma tão vincada, necessária e importante como na política.
Confessamo-nos, na JSD Loulé, bastante satisfeitos com aquela iniciativa. Sempre nos mostrámos preocupados com o futuro dos jovens, nomeadamente no que à formação cívica diz respeito, porque política é formação cívica e, bem assim, é discutir, é debater, é, enfim, dialogar sobre os temas da atualidade.
A (falta de) noção do que a política é, vê-se influenciada pelas notícias que recebemos e que dão conta de casos de corrupção, cortes nos orçamentos, aumento de impostos, entre outras assuntos que a todos desagradam.
Perante tal realidade, é natural que a sociedade, em geral, e os jovens, em particular, se sintam descrentes relativamente a quem governa o país. Como se poderá constatar, as elevadas taxas de abstenção (que assolam tantos países que não Portugal) fixaram-se nas eleições legislativas de 2011 em 41,93% e, nas eleições autárquicas de 2013, em 47,4%. Acreditamos que as medidas contempladas na resolução podem mudar significativamente a percentagem de abstenção, reduzindo-a a prazo.
A descrença, apesar de grassar, não deverá ser a primeira (nem segunda, nem terceira, nem quarta...) reação face à actividade política; pugnar pela alteração do status quo político, caso este nos desagrade, é não só uma reação legítima, mas desejável. Não nos podemos esquecer que por muito desinteressados que estejamos, haverá sempre quem decida por nós e que as suas decisões terão consequências diretas ou indiretas, rápida ou lentamente, na vida de todos. Como o antigo Presidente da República Federativa do Brasil e social democrata brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, num discurso franco e directo, afirma na sua obra "Cartas a um jovem político" que a política, em termos simples, tem influência “na tua vida, na tua família, no teu futuro”. Não podemos ficar de braços cruzados, nem podemos, enquanto jovens, quer estudantes universitários, quer ainda a frequentar os estudos básico ou secundário, limitar-nos a observar. Se nós, jovens, precisamos de alguém que acredite em nós, somos nós mesmos. E se precisamos de medidas que nos façam (ou que "os" façam, aos estudantes em idade escolar) ver outra realidade, que ultrapasse as barreiras popularistas e injustas, ainda que pontualmente reais, então a apresentação desta resolução é o caminho certo. Aulas de ciência política e de estratégia são uma mais-valia para qualquer um, quanto mais para os jovens, que devem sentir, pela irreverência e bondade que acompanham a juventude, a importância da ação desinteressada em detrimento da insignificância da inércia comodista.
Aplaudimos, pois, a realização da campanha a nível nacional com o objetivo de incentivar os jovens a inscreverem-se na disciplina de ciência política e de estratégia.
Convém lembrar que, na Escola Secundária de Loulé, no ano letivo corrente, a disciplina de ciência política já existe como opção e apenas não foi lecionada este ano, por falta de alunos interessados. Mais uma vez, esta proposta poderá ajudar-nos a mudar esta realidade, que assume especial importância em concelhos relativamente pequenos em que a população reduzida, como no nosso pequeno (mas grande!) concelho de Loulé, permitem fazer sentir mais rápida e eficazmente os benefícios que dela se colham.
Por: Bárbara do Amaral Correia / JSD Loulé