AS LIGAÇÕES A LOULÉ NA GENEALOGIA DO ALMIRANTE GAGO COUTINHO

09:00 - 10/06/2023 OPINIÃO
Por Júlio Sousa - Investigador de genealogia e de história local. | juliotsousa@gmail.com

 

(continuação do número anterior)

 

Foto do Almirante Gago Coutinho

Créditos: Museu da marinha em

https://ccm.marinha.pt/pt/museumarinha_web/multimedia_web/Paginas/efemeride-nascimento-almirante-gago-coutinho-fev21.aspx

 

4. Os ascendentes de Gago Coutinho até à 6.ª geração (árvore dos tetravós)

Como referimos no número anterior, na árvore de costados do Almirante encontramos muitos ascendentes cuja naturalidade reporta-se a Faro ou S. Brás de Alportel, sendo que também há ligações a outros concelhos, designadamente ao concelho de Loulé, por via do seu bisavô Manuel Rodrigues Cavaco (n.º14 da árvore), natural do sítio dos Palmeiros, freguesia de Salir. Como este seu antepassado é filho de pai incógnito, tal significa que não se conhecem os seus ascendentes paternos. Em consequência, na árvore de costados do Almirante não são conhecidos os ascendentes paternos que estão associados aquele bisavô, ou seja os n.º 28, 56 e 57 da árvore que abaixo se apresenta. Contudo, apesar de alguma incerteza, consideramo-los naturais de Salir, dado que o apelido conjugado Rodrigues Cavaco, à época, remete para origens Salirenses.

Apresentamos, então, os primeiros 62 ascendentes de Gago Coutinho com a indicação da sua naturalidade e, nalguns casos, com a data do casamento dos casais.

Mas antes será necessário acrescentar o seguinte:

a.    Mantemos a indicação que consta no registo de casamento de António da Cruz com Maria das Candeias (n.º 20 e 21), que os seus respetivos pais Faustino da Cruz/Teresa de Jesus e Teodósio Martins/ Francisca Maria, seriam naturais de Faro. Todavia, o facto de faltarem (ou não existirem) no Arquino Nacional da Torre do Tombo muitos livros paroquiais relativos à freguesia da Sé de Faro, não nos permite ter a certeza que assim seja. Assim, a informação disponível é a que consta naquele registo sendo a que validamos como certa;

b.    Salientamos o facto de nesta árvore de tetravós existirem algumas repetições uma vez que a avó paterna do Almirante, Maria do Carmo Cruz, é irmã do seu avô materno, Pedro da Cruz Cabeleira. Desta forma, os pais destes avós são os mesmos originando repetições nas gerações que os precedem;

c.     Para os menos familiarizados com a forma como se elabora a árvore de costados, indicamos que as repetições em causa referem-se aos números: 10-11 e 12-13 (bisavós); 20-23 e 24-27 (trisavós); 40-47 e 48-55 (tetravós).

d.    Enumeramos a naturalidade dos 62 ascendentes do Almirante por concelhos:

·         Faro = 20

·         S. Brás de Alportel= 15

·         Olhão= 8

·         Loulé= 7

·         Portimão= 6

·         Tavira=6

 

ÁRVORE DE COSTADOS ATÉ À 6.ª GERAÇÃO (62 ASCENDENTES)

DO ALMIRANTE GAGO COUTINHO

 

 

 

Nota: Na elaboração desta árvore de costados quero agradecer os valiosos contributos que me foram prestados no Encontro de Genealogia do Algarve realizado em 21 de abril de 2018 em Querença, pelo genealogista algarvio e amigo Maurício Teixeira.

 

5. Origem do apelido Coutinho

5.1. Coutinho, pela via paterna ou materna?

Quanto ao apelido Coutinho é legítimo perguntar de onde vem tal apelido. E foi nessa busca que nos lançámos já no longínquo ano de 2005, há, portanto, cerca de 18 anos. O certo é que no registo de casamento dos pais do Almirante, o seu pai é nomeado como José Viegas Coutinho mas é o registo de batismo do Almirante que nos dá mais pistas. Nesse documento, ao pai do Almirante é atribuído o nome de José Viegas Gago Coutinho e à mãe o nome de Fortunata Maria Coutinho. Como ainda ficámos na dúvida de onde o apelido teria provindo, foi necessário subir mais um degrau na árvore, ou seja, verificar os nomes dos seus avós que também constam no registo de batismo do Almirante. Os nomes completos dos seus avós são:

Avós paternos: Manuel Viegas Gago Coutinho e Maria do Carmo Cruz

Avós maternos: Pedro da Cruz Cabeleira e Fortunata Maria.

Com esta informação, centrámos a nossa pesquisa no avô paterno Manuel Viegas Gago Coutinho e consultámos os registos paroquiais relativos ao seu batismo e casamento. Dessa leitura, verificámos que não há qualquer referência ao apelido Coutinho naqueles documentos. Ou seja, na altura do casamento dos avós paternos do Almirante, Manuel Viegas Gago e Maria do Carmo Cruz, ocorrido na Sé de Faro em 06-02-1829, o noivo é descrito como Manuel Viegas Gago, Cabo de Esquadra do Regimento de Artilharia da Praça de Faro, natural da freguesia de S. Brás e filho de Matias Viegas Teixeira e de Bárbara Pires. O objetivo seguinte foi, agora, o de consultar os registos relativos aos ascendentes destes seus bisavós, Matias Viegas Teixeira e Bárbara Pires, subindo os degraus que fossem necessários até localizarmos o apelido Coutinho. Fomos até cerca do ano de 1650, centrando a nossa pesquisa na freguesia de S. Brás de Alportel e nada encontramos relativo a este apelido.

5.2. A promoção militar do avô do Almirante, Manuel Viegas Gago

A origem do apelido Coutinho radica na promoção militar do avô do Almirante, Manuel Viegas Gago.

Já vimos que em 1829 ele era Cabo de Esquadra do Regimento de Artilharia da Praça de Faro e que ainda não detinha o apelido Coutinho e que, portanto, o apelido será formado mais tarde.

E foi em 2018, na consulta aos registos de casamento realizados em S. Brás de Alportel entre 1623 e 1905, para formação da base de dados pessoal, que localizámos o registo de casamento de Francisco Viegas Gago com Maria do Carmo.

 Ora, Francisco Viegas Gago é irmão de Manuel Viegas Gago e este é padrinho do casamento do seu irmão celebrado a 25 de fevereiro de 1835 (PT-ADLSB-PRQ-PSBA01-002-C10_m0122_derivada).

O Pároco menciona o padrinho com o nome de Manuel Viegas Gago Coutinho Gameiro e Sá, Sargento de Artilharia da Cidade de Faro, irmão do noivo. Neste registo a assinatura do padrinho é bem visível neste registo não deixando margem para qualquer dúvida.

Estamos certos que a introdução destes apelidos em Manuel Viegas Gago foi devida à sua promoção militar, a Sargento de Artilharia, por via dos apadrinhamentos militares como era algo usual à época.

 

Concluímos este artigo referindo que os apelidos Gameiro e Sá caíram, restando o apelido Coutinho, passando Manuel Viegas Gago a ter o nome completo de Manuel Viegas Gago Coutinho. Conhecemos outros casos onde situações desta natureza também aconteceram, ou seja, há a formação de um apelido por via de uma promoção militar.