A proposta de alteração legislativa aos Estatutos da Ordem dos Médicos (e não será caso único!) que está a ser preparada em secretismo representa um perigoso caminho que este Ministério da Saúde decidiu, unilateralmente, trilhar.
Para além de perpetuar, inexplicável e infinitamente, a negociação das carreiras médicas, demonstrando ou má-vontade ou absoluta incapacidade para o fazer, vai agora mais longe no ataque aos médicos (e pior, aos doentes por estes servidos) desfigurando e desvirtuando os estatutos da Ordem dos Médicos, impondo a presença de não médicos nos principais órgãos de decisão da Ordem e, de forma ostensiva, assumindo a intervenção direta do Governo nas decisões que sempre pautaram por ser exclusivamente técnicas, isentas e decididas em prol da qualidade e da segurança dos cuidados de saúde prestados aos utentes do sistema de saúde português.
A quantidade de propostas de alteração é tao vasta e dispara que sugere que as medidas que reduzem os internos a estagiários, retirando-lhes autonomia e ordenado, assim como as medidas que visam infiltrar boys do Governo na Ordem dos Médicos (e já agora, também nas outras Ordens) são a verdadeira intervenção que querem fazer!
A recente demissão do coordenador da Comissão para a Reforma da Saúde Pública, foi, assumidamente, um gesto contra esta proposta e em prol da defesa de elementares competências legais da Ordem dos Médicos e da autonomia e independência técnico- científica da profissão médica.
A autonomia das Ordens é fundamental, tal como é importante o reforço da sociedade civil e as liberdades individuais.
Este é mais um vil ataque às Profissões Liberais.
O CDS-PP está com os médicos e com todos os outros grupos de profissionais, na defesa da sua dignidade profissional, da sua autonomia técnico-científica e disciplinar e repudia qualquer tentativa de usurpação de funções das Ordens Profissionais por membros do Governo.
Lamenta esta demissão, mas acha perfeitamente compreensível se outros médicos se manifestarem em igual sentido e intensidade.
