Em causa estão narrativas depreciativas desde aversão ou ao ódio contra a comunidade ou acusações da chamada ideologia de género.
As mensagens de ódio anti-LGBTI+ nas redes sociais estão a ganhar terreno em relação às que promovem o apoio a este grupo. O volume das primeiras aumentou quase 9,4% nos últimos quatro anos, ao passo que o volume das segundas diminuiu 41,25%. Esta é a principal conclusão do relatório 'Hate Speech and LGBTQI+ Pride in the digital conversation', elaborado pela LLYC no âmbito do Pride 2023.
Recorrendo a técnicas de Big Data e Inteligência Artificial, a equipa de Deep Digital da consultora analisou mais de 169 milhões de publicações nas redes sociais para perceber como evoluiu o diálogo entre as comunidades de detratores e promotores nos 12 países onde a empresa está presente, 10 na América (Estados Unidos, Brasil, México, Argentina, Colômbia, Chile, Peru, Equador, Panamá e República Dominicana) e dois na Europa (Espanha e Portugal).
Segundo o relatório, “as principais narrativas de promoção identificadas estão relacionadas com o apoio do Presidente dos EUA, Joe Biden, à comunidade LGBTI+, o apoio à comunidade trans, a celebração do Orgulho em todo o mundo, a promoção do respeito pelas decisões relativas à identidade de género e os apelos para que a bandeira do arco-íris seja colocada em instituições importantes”. Em contrapartida, “as narrativas depreciativas mais bem sucedidas são as que se referem à aversão ou ao ódio contra a comunidade, às acusações da chamada ideologia de género, às críticas aos privilégios percebidos dos LGBTI+ e à adoção por casais LGBTI+”.
O estudo revela que, em Portugal, a comunidade promotora diminuiu 12,05% e a detratora aumentou 184,85% entre 2019 e 2022. Entre as principais narrativas promotoras dos portugueses destacam-se o apoio à comunidade LGBTI+ através de menções acerca do apoio que artistas, meios de comunicação e séries dão à comunidade LGBTI+. Há também mensagens que incentivam a denúncia de comentários homofóbicos nas redes sociais, promovendo a tolerância, a liberdade e o apoio, bem como críticas à homofobia internalizada na Igreja. Por outro lado, entre as principais narrativas detratoras, destacam-se comentários de oposição por parte de utilizadores que se posicionam contra a comunidade através da utilização do conceito de “ideologia de género”.
"Rainbot” utiliza IA para transformar tweets de ódio LGBTI+ em poemas que celebram a diversidade
Para ajudar a melhorar o discurso do orgulho LGBTI+ face ao discurso de ódio e sensibilizar para o facto de ser perigoso para o Orgulho LGBTI+ amplificar estas mensagens prejudiciais, a LLYC lançou a campanha "Rainbot". O Rainbot é o primeiro bot que transforma tweets LGBTI+ odiosos em poemas que celebram a diversidade.
“Especificamente, localiza estas mensagens de ódio no Twitter e, utilizando IA generativa, deteta as palavras ofensivas e transforma-as em pequenos poemas de apoio ao grupo, que são depois partilhados para que possam ser difundidos, graças à utilização de inteligência artificial generativa”, explica a consultora.
"A origem da campanha está na observação de como, à medida que o discurso de ódio cresce, na tentativa de contrariar esses comentários, muitas vezes também contribuímos para os amplificar. Rainbot procura chamar a atenção para o problema do crescimento do discurso de ódio, mas também contribuir diretamente para o reduzir nas redes e transformá-lo, através da utilização criativa das mais recentes tecnologias, em amor, celebração e apoio", refere David Gonzalez Natal, Partner da LLYC e líder da campanha e do relatório.
Por: Idealista