Taxa de juro média dos novos empréstimos a taxa variável aumentou para 4,37% em junho, ultrapassando a taxa fixa (4,16%).
Portugal é dos países europeus com mais crédito habitação concedido com taxa variável (e não fixa), o que implica uma grande incerteza para as famílias em momentos como os que se vivem atualmente, marcados por subidas das taxas Euribor, que estão a escalar na sequência do aumento das taxas de juro diretoras por parte do Banco Central Europeu (BCE). Em junho, à semelhança do que já tinha sucedido em maio, as taxas variáveis superaram as taxas fixas nos novos créditos habitação, revelou o Banco de Portugal (BdP).
“A taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação contratados a taxa variável aumentou para 4,37% em junho, ultrapassando a taxa de juro média dos novos empréstimos a taxa fixa (4,16%)”, lê-se no boletim divulgado esta quarta-feira (2 de agosto de 2023) pelo regulador.
A entidade liderada por Mário Centeno salienta, ainda, que esta análise, relativa a concessão de crédito habitação, incide exclusivamente sobre os novos empréstimos e o stock de empréstimos concedidos a particulares para habitação própria permanente.
Significa isto que, em junho, os novos empréstimos concedidos pelos bancos para a compra de casa a taxa variável subiram face a maio (4,20%) e (bastante) face ao período homólogo (1,19%). Já os financiamentos indexados às taxas Euribor mediante taxa fixa recuaram relativamente a maio e abril (4,19%) e aumentaram face a junho do ano passado (3,31%).
A diferença entre as duas taxas, variável e fixa, é agora de 0,21 pontos percentuais (p.p.): 4,37% e 4,16%, respetivamente.
Os dados do BdP permite ainda concluir que a média da taxa fixa está agora mais baixa que a média da taxa Euribor, o que acontece pelo segundo mês consecutivo, o que não é habitual.
Travão no novo crédito habitação em junho
Em junho, o montante emprestado pelos bancos nos novos contratos de crédito habitação abrandou face ao mês anterior, para 1.524 milhões de euros (1.625 milhões de euros em maio). Trata-se, no entanto, de um montante superior quando comparado com o registado em junho de 2022 (1.402 milhões de euros). A disparar continua a taxa de juro média dos novos créditos habitação, que subiu de 4,16% em maio para 4,25% em junho, atingindo o valor mais alto desde fevereiro de 2012.
“Em junho, as novas operações de empréstimos aos particulares totalizaram 2.165 milhões de euros, menos 126 milhões do que em maio. Verificaram-se quedas nas finalidades de habitação e de consumo (de 101 e 31 milhões de euros, respetivamente). Em sentido inverso, as novas operações de empréstimos para outros fins aumentaram seis milhões de euros”, lê-se no boletim do BdP.
Os números mostram que os novos financiamentos relativos à compra de casa representaram, em junho, a maior parte do montante emprestado aos consumidores: 1.524 milhões de euros num total de 2.165 milhões.
A maioria deste valor (1.524 milhões de euros) diz respeito a empréstimos de taxa variável, visto que os créditos a taxa fixa continuaram, em junho, a representar a menor fatia (9,5%) e que a opção pelo regime de taxa mista – fixa no período inicial e variável no seguinte – representou 22,7%.
Por: idealista