A Federação Nacional de Educação (FNE) lamentou hoje a morte do antigo ministro da Ciência e Ensino Superior Mariano Gago, afirmando que “foi durante o seu percurso como ministro que a ciência mais se desenvolveu”.
Em comunicado, a FNE declarou que “foi com enorme pesar” que tomou conhecimento da morte de Mariano Gago, hoje, aos 66 anos.
“Enquanto governante assumiu um conceito estratégico relativo ao desenvolvimento da Ciência em Portugal e foi durante o seu percurso, como ministro, que a ciência mais se desenvolveu. Se é certo que a ciência se faz através dos investigadores é de qualquer forma relevante a intervenção conceptual e normativa assumida pelo professor Mariano Gago”, afirma-se no documento.
Recordando o interlocutor “interessado e rigoroso” nas negociações com os sindicatos, a FNE lembra que foi com Mariano Gago que foi “possível obter importantes compromissos, nomeadamente, o acordo relativo aos Estatutos de Carreira do Ensino Superior e do Ensino Politécnico”.
O corpo do antigo ministro e professor José Mariano Gago estará, a partir das 21:30 de hoje, na Basílica da Estrela, em Lisboa, e o cortejo fúnebre sai no sábado, às 12:00, para o cemitério de Pechão, Olhão.
A informação foi dada hoje em comunicado pelo gabinete de imprensa do Instituto Superior Técnico, de Lisboa, onde José Mariano Gago foi professor.
O físico de partículas Mariano Gago foi o ministro que mais tempo ocupou o cargo, nos governos constitucionais, após 1974, num total de 12 anos.
Nascido em Lisboa, em 1948, José Mariano Rebelo Pires Gago licenciou-se em engenharia eletrotécnica pelo Instituto Superior Técnico, em 1971, e foi ministro nos governos do Partido Socialista, liderados por António Guterres e por José Sócrates.
Mariano Gago foi um ativo promotor da ciência, do conhecimento da história dos processos e métodos científicos, da educação e da divulgação científica em Portugal, tendo sido um dos responsáveis pela criação da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, gestora da rede de Centros Ciência Viva.
Presidente da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, entre 1986 e 1989, e membro da Academia Europeia de Ciência (Academia Europaea), fundada em 1988, Mariano Gago foi agraciado com o título de Comendador da Ordem de Sant’Iago da Espada, em 1992.
Doutorado em Física pela Universidade de Paris, desenvolveu a sua investigação na área da física de partículas e foi professor catedrático no Instituto Superior Técnico.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse hoje que recebeu com profundo pesar a notícia do falecimento de Mariano Gago, que considerou um “académico ilustre” e um “homem que serviu o seu país” em altos cargos de governação.
O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, destacou Mariano Gago como "uma personalidade brilhante, esfuziante", que "representa muito para a ciência em Portugal".
Para o presidente do Instituto Superior Técnico, Arlindo Oliveira, a morte de Mariano Gago deixa "um vazio muito grande na ciência", considerando o antigo ministro uma "pessoa muito inteligente que sempre deu o seu melhor para servir o país".
A Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) lamentou, com "profundo pesar", a morte de Mariano Gago, destacando o seu "inestimável contributo para a ciência, tecnologia e a cultura científica em Portugal".
O antigo primeiro-ministro António Guterres manifestou-se "profundamente chocado" com a morte de Mariano Gago, destacando a sua "coragem" na luta contra a ditadura, o cientista "internacionalmente reconhecido" e o seu "contributo excecional" para o desenvolvimento científico.
Por: Lusa