Fotos © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Paróquia de Alvor tem novo pároco

13:27 - 21/10/2023 PORTIMÃO
A paróquia de Alvor, que inclui as comunidades de Montes de Alvor e da Penina, tem desde ontem novo pároco.

A entrada e a apresentação do monsenhor padre Abílio Cardoso, de 70 anos, sacerdote da Arquidiocese de Braga, nomeado o mês passado pelo bispo do Algarve, teve lugar na igreja matriz de Alvor, onde foi celebrada Eucaristia presidida por D. Manuel Quintas.

O bispo diocesano começou por ler a missiva que o arcebispo de Braga lhe dirigiu, na qual D. José Cordeiro explica que o sacerdote “pediu a dispensa da paroquialidade da paróquia de Barcelos para a vivência de um tempo sabático”. “Queira D. Manuel Quintas, bispo do Algarve, aceitar o monsenhor Abílio na diocese e integrá-lo no serviço diocesano pastoral enquanto durar o tempo sabático com o meu total assentimento”, pediu o arcebispo da diocese bracarense, acrescentando que a “integração/nomeação para o serviço diocesano pastoral na Diocese do Algarve possibilitará o seu fortalecimento espiritual e apostólico”.

O bispo do Algarve explicou que, para nomear e acolher o sacerdote bracarense, teve de ter a autorização do bispo de lá, lembrando que, “no Algarve, estávamos necessitados de pastores, de párocos”.

D. Manuel Quintas destacou que o monsenhor Abílio Cardoso “exerceu muitos ministérios, inclusivamente fora do país, nos Estados Unidos [da América], na França e esteve também em Moçambique”. “Esteve ao serviço da Conferência Episcopal no apoio à Secretaria-geral, de 1989 a 1994 e nos últimos 19 anos esteve à frente da paróquia de Santa Maria de Barcelos”, acrescentou, lembrando que só “o concelho de Barcelos tem mais freguesias e paróquias do que o Algarve todo: 89”.

A Eucaristia foi participada por um grupo de quase 70 elementos vindo da paróquia de Barcelos e o bispo do Algarve realçou presença daquelas pessoas que percorreram mais de 600 quilómetros para estar ali. “Podeis crer que a vossa presença me comove a mim e não comove só aquele que foi, até há pouco tempo, o vosso pároco. Queria destacar, sobretudo, o sinal de Igreja que somos, embora pertencendo a diferentes paróquias, até neste caso, a diferentes dioceses. A vossa presença aqui quer significar essa comunhão efetiva e afetiva entre esta paróquia de Alvor e a vossa paróquia de Santa Maria de Barcelos, entre a Diocese do Algarve e a Arquidiocese de Braga”, afirmou.

D. Manuel Quintas destacou ainda a presença dos barcelenses significou “passagem de testemunho”. “Aquele que vos guiou e alimentou a vossa fé durante 19 anos, agora vindes confiá-lo a estas comunidades ligadas à paróquia de Alvor para significar essa estreita comunhão que nos une. Embora pertencendo a paróquias e a dioceses diferentes sentimo-nos uma Igreja só, unidos todos à volta, particularmente, da palavra e da Eucaristia”, completou.

O bispo do Algarve disse ainda querer “rezar por todos aqueles” que foram párocos daquelas comunidades, “particularmente pelo padre António [Moitinho]”, anterior pároco. “Agradeço-vos o bem que fizeram a todos os párocos, particularmente ao senhor padre António. Ele está à bem melhor, mas ainda não está em condições de poder estar aqui como seria meu e vosso desejo. Vai recuperando gradualmente”, prosseguiu, pedindo que continuem a “a rezar por ele, gratos também pelo serviço” que ali prestou.

O rito de entrada do novo pároco, que D. Manuel Quintas considerou ser “uma catequese”, incluiu a leitura da provisão de nomeação, o seu juramento de fidelidade ao colégio presbiteral, ao bispo, ao Papa e a toda a Igreja e a entrega simbólica da chave da igreja. Após a felicitação do bispo diocesano, teve lugar a apresentação ao Conselho Pastoral Paroquial e os cumprimentos deste ao novo pároco. O bispo do Algarve convidou depois o novo pároco a aspergir a assembleia e a beijar o altar e a incensá-lo. Um dos membros da comunidade, pertencente ao Conselho Pastoral agradeceu ao bispo diocesano e dirigiu-se ao novo pároco.

Na homilia, o bispo do Algarve apelou a uma “maior disponibilidade e disposição” para acolher o novo pároco como “aquele que vem para guiar para Deus, tendo presente a pessoa de Jesus”. “Aliás, essa é a missão de um padre, de um bispo: apontar o caminho do céu”, frisou D. Manuel Quintas.

A Eucaristia prosseguiu com a renovação das promessas da ordenação sacerdotal e a profissão de fé do novo pároco e terminou com a leitura da ata de posse que foi assinada após a celebração. No final houve ainda um gesto simbólico. D. Manuel Quintas convidou o novo pároco a sentar-se na cadeira presidencial, lembrando que lhe está conferido o “serviço de presidir à comunidade”. “É uma presidência que é serviço e é isso que se quer significar com este gesto muito simples”, explicou, convidando o novo pároco a dirigir uma breve saudação à comunidade.

O monsenhor Abílio Cardoso desafiou os novos paroquianos a “descobrir a Igreja verdadeira, a de Jesus”. “Eu não estou aqui para ser o vosso chefe, o vosso patrão, o vosso dono. Não sou. Sou o primeiro servidor da comunidade”, esclareceu, garantindo sentir-se “um aprendiz de Jesus”. “Não sei o que é ser algarvio, vocês vão ensinar-me”, prosseguiu, pedindo ainda que lhe ensinem “como é que se vive aqui a fé no Senhor Jesus” e assegurando que continuará a “aprendizagem de ser cristão”.

Aos novos paroquianos pediu igualmente que “tenham gosto em pertencer a uma paróquia”. “Na paróquia, com três comunidades todas unidas, caminhamos juntos. Mais do que fazer, quero ser convosco. Aqui, pretendo ser convosco. Com esta idade ainda sonho com uma comunidade viva onde todos dão as mãos, em que somos capazes de vencer as nossas diferenças, considerando-as riquezas e assim todos nos enriquecemos”, concluiu, anunciando de que esta noite, pelas 21h, irá encontrar-se no salão paroquial “com todos aqueles que queiram falar, dizer-se, expor anseios e, porventura, dificuldades”. “Sei que esperam muito de mim, um homem que tem 70 anos. Darei o meu melhor, darei a minha experiência, aprenderei convosco e é nesse espírito que me apresento aqui, para aprender convosco. Vamos trazer ao de cima no nosso testemunho de vida a santidade da Igreja. Convosco seremos comunidade viva, Igreja do Senhor, povo de Deus”, concluiu na Eucaristia que contou com a presença do executivo da Câmara de Portimão.

 

Por: Folha do Domingo