O Dia da Independência de Angola – 11 de Novembro foi comemorado com um jantar em Albufeira, no salão de reuniões da Junta de Freguesia de Olhos de Água, rigorosamente decorado com motivos angolanos e com gastronomia tradicional angolana.
Uma iniciativa conjunta da APALGAR – Associação de Amizade dos Palop no Algarve, sediada em Quarteira e da AANGA – Associação de Angolanos e Amigos de Angola em Albufeira.
A APALGAR fez-se representar por uma comitiva liderada pelo seu presidente, Francisco Sales.
Por seu lado, a ANNGA fez-se representar por uma comitiva soba liderança de Ivelise Haushchild.
A comemoração contou com a presença da Embaixadora Vicencia de Brito, do Consulado Geral da República de Angola em Portugal; do presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo; e da presidente da Junta de Freguesia de Albufeira e Olhos de Água, Indaleta Cabrita.
Ivelise Haushchild deu as boas-vindas a todos, salientado: “Decidimos proporcionar este jantar a todos os nossos associados para comemorar o 48.º Aniversário da independência de Angola”, agradecendo “à senhora cônsul, que nos deu o prazer da sua presença; ao nosso presidente da câmara, Dr. Rolo; à nossa presidente da junta de freguesia, Dr.ª Indaleta Cabrita, que nos proporcionou este espaço; ao professor Sales, à madalena e à isabel, da APALGAR; à Aura, de Portimão e a todos vocês que nos ajudaram a concretizar este jantar“.
Francisco Sales começou por salientar: “Quando, na madrugada de 11 de Novembro de 1975, o saudoso Presidente António Agostinho Neto proclamou solenemente, em nome do Povo Angolano, perante a África e o Mundo a Independência Nacional de Angola, nascia um novo país e sagrava-se a esperança de todo um Povo. Naquela noite, juntos celebraram com júbilo o culminar de uma longa e difícil caminhada.
A partir daí, foram colocados perante todos os Angolanos grandes testes à sua capacidade de resistência, à sua destemida capacidade de lutar pelos seus direitos e objetivos, à sua inquebrantável união perante os grandes desafios e à sua firme vontade de vencer. Unidos, lutaram e venceram o desafio da Independência.
Infelizmente, a alegria aclamada pela Independência Nacional foi adiada logo após o seu início. A guerra prolongada dilacerou a vida de muitos angolanos, destruiu o país e impediu a realização dos sonhos da Independência. Também neste domínio, as capacidades de resistência, de luta, de união e forte vontade de vencer os desafios foram postas à prova. Porém, mais uma vez, Angola venceu. Conquistaram a paz, mantiveram a unidade nacional e, com o perdão sincero no rosto e na alma de cada angolano, reconciliaram a Nação.
Nos mais de 20 anos de paz, juntos fizeram um caminho que os deve orgulhar. O país vem sendo reconstruído; construiu e reconstruiu portos, aeroportos e caminhos de ferro, investiu na Educação e na Saúde através da construção e reconstrução de escolas e hospitais em todo o país e do recrutamento de milhares de professores, médicos e enfermeiros.
O caminho tem sido longo e difícil, mas, com determinação, com coragem, com união, com a vontade de vencer, com a capacidade de resistência, com a inteligência e com a criatividade, Angola e os Angolanos venceram.
Foi neste contexto que nós, da parte da APALGAR, que nestes 25 anos de existência, temos comemorado o Fest’África, a Independência de Angola e outras iniciativas. É assim que sabemos estar. Viva Angola! Viva Portugal!”.
Por seu lado, a Embaixadora Vicencia de Brito sustentou: “Obrigada por me terem convidado para estar aqui convosco. É com bastante alegria que estou aqui hoje convosco para que celebremos o 48.º Aniversário da independência Nacional. Acabámos de ouvir umas palavras que traduzem o espírito da nossa independência. Apelo aqui à unidade dos angolanos que vivem nesta região de Portugal. Apelo à união, à solidariedade e ao espírito de entrega. Já que vocês decidiram construir a vossa vida nesta parte do mundo de forma a que, mesmo estando fora de Angola, possam contribuir para o desenvolvimento da nossa Pátria. Nós sabemos que na Pátria estamos a viver períodos um bocado complicados mas o Mundo todo está em transformação. Cada um de nós, esteja onde estiver, pode celebrar esta data. Da forma como estamos, numa festa, num janta, lembrando a nossa cultura, lembrando muitas coisas que nos unem. Com este espírito de união, vou simplesmente dizer: Viva Angola, viva a independência de Angola, Viva os Angolanos!”.
Já José Carlos Rolo frisou que “a Câmara Municipal de Albufeira está sempre aberta para qualquer assunto relacionado com a questão da Pátria, da imigração. Somos países irmãos e é nessa comunhão de valores que devemos viver porque as fases mais difíceis de outros tempos já passaram. Hoje temos outros mas não é só Angola que está a atravessar tempos difíceis. Isso acontece um pouco por todo o mundo. Basta ver o que está a acontecer em duas zonas do mundo (Ucrânia e Israel). De qualquer maneira, temos que viver a nossa vida e a realidade é esta, pelo que gostaria de me colocar ao dispor de todos vós que escolheram este cantinho à beira-mar plantado, como diz o poeta. A câmara municipal estará sempre ao dispor de tudo aquilo que for entendido por vocês como as vossas necessidades, em termos locais e funcionais. Há pouco estivemos a falar sobre a questão do 50.º Aniversário da Independência de Angola, que será daqui a 2 anos, com uma dimensão muito maior. Se desejarem que seja em Albufeira, fica desde já feito o convite para que possa ser aqui comemorada essa data muito bonita, desde logo com a cedência de um espaço, que pode ser o EMA mas poderemos apoiar de muitas outras formas. É importante dizermos que somos uma cidade inclusiva mas não é só na retórica mas sim na prática. O importante são as ações no dia a dia, todas as atividades que poderemos desenvolver nesse dia”.
Depois do jantar, todos se levantaram ao som do Hino Nacional de Angola, partiu-se o bolo de aniversário e brindou-se com champanhe.
A festa continuou noite fora com baile animado por um DJ, durante o qual a Embaixadora foi desafiada para um pezinho de dança, não se fez rogada e entrou na festa.
A propósito desta comemoração, convém deixar bem claro que a escolha do Algarve para muitos imigrantes procurarem uma vida melhor tem sido uma grande mais valia que nos enriquece culturalmente com os seus trajes, a sua gastronomia, o seu artesanato, os seus usos e costumes. O Algarve sempre recebeu bem e continuará a receber bem cidadãos de outras culturas que enriquecem culturalmente o nosso quotidiano, sempre com os mais elevados padrões de tolerância, chave para o entendimento universal.
Por: Jorge Matos Dias