As autoridades policiais detiveram ontem um médico suspeito de receber contrapartidas económicas para passar atestados de óbitos sem comprovar antes as causas de morte, evitando assim uma intervenção da justiça, informou a Polícia Judiciária (PJ).
O médico tem 65 anos e foi detido ao abrigo de uma operação denominada “Anúbis”, que levou elementos da diretoria do sul da PJ a executar hoje “cinco mandados de busca, em residência, consultório médico privado, estabelecimento público de saúde e em instalações de agência funerária, por suspeita da prática de crimes de corrupção”, avançou a Judiciária num comunicado.
Fonte da PJ especificou à agência Lusa que as buscas decorreram em Loulé e em Faro, no Algarve.
O médico está indiciado pela prática de diversos crimes de corrupção passiva e vai ser presente em tribunal para ser submetido ao primeiro interrogatório judicial e conhecer as eventuais medidas de coação aplicadas, precisou a PJ.
O processo está a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal de Faro e os investigadores acreditam ter recolhido “fortes indícios da emissão de certificados de óbito por parte de médico, sem a prática de qualquer ato que assegure o prévio conhecimento efetivo da causa de morte”, justificou a PJ.
A mesma fonte realçou que o suspeito atuava “mediante o recebimento de contrapartidas económicas e com o objetivo de impedir a intervenção das autoridades judiciárias ou a realização da autópsia médico-legal”.
A PJ esclareceu que a autópsia médico-legal é legalmente requerida “sempre que a causa da morte seja duvidosa, ignorada, violenta ou haja suspeita da prática de crime”.
Lusa