André Magrinho, Professor universitário, doutorado em gestão | andre.magrinho54@gmail.com
Reputados centros de prospetiva, consideram que o mundo das próximas décadas vai ser mais multipolar, mas porventura menos multilateral, assistindo-se à afirmação de um grupo de superpotências.
Continuar-se-á a falar de cadeias globais de valor, mas também, cada vez mais, de cadeias regionais de valor. Nas trocas comerciais de bens e serviços com elevada sensibilidade em matéria de segurança económica, tecnológica e estratégica, estas cadeias regionais de valor, entendidas como espaços preferenciais de comércio e investimento em que existem relações de confiança, seja por via de acordos comerciais, alianças político-militares, ou outras, tenderão a ganhar densidade. Mudanças no ecossistema tecnológico e de inovação e no quadro geopolítico e geoeconómico estão a gerar novas configurações nas lideranças regionais e globais com o eixo mais dinâmico da economia mundial a deslocalizar-se do atlântico para o indo-pacifico.
O relatório “The World in 2050” da consultora PwC, referenciado na ZAP, por Valente S. (2024), diz-nos que os EUA continuarão a ser uma grande superpotência mundial, ainda que venha a ser remetida para o 3º lugar do ranking das superpotências mundiais, perdendo assim poder relativo, tal como a Europa, para a China e Índia. Mais significativo, as tendências apontam para que se caminhe para uma maior multipolaridade com outros países a assumirem também um lugar de topo.
Os mercados emergentes da atualidade serão as superpotências económicas futuras. E com a força económica, os demais poderes -sobretudo militar, soft power, tecnologia e demografia favorável - atingem-se por acréscimo. Deste modo, em 2050, a China e a Índia poderão instalar-se nos dois primeiros lugares do pódio das superpotências mundiais.
Logo a seguir, em 3º lugar, surge aos EUA, enquanto a Indonésia ocupará a 4ª posição, ultrapassando o Japão (8.º lugar) e a Alemanha (9.º lugar) neste top 10. Note-se que, no ano passado, a Índia superou a China como o país mais populoso do mundo, atingindo 1,428 mil milhões, contra os China tem 1,425 mil milhões da China, de acordo com os dados da ONU. Sendo certo que a China tem uma economia mais robusta que a índia, não é menos verdade que o envelhecimento da população associado ao declínio da taxa de natalidade e ao aumento da esperança média de vida poderá trazer problemas acrescidos aos chineses.
Pelo contrário, a Índia vai beneficiar de um forte crescimento nas próximas décadas impulsionado por uma população muito jovem, e por um maior favorecimento geopolítico. Aliás, em 2022, a Índia tornou-se a 5ª maior economia mundial, ultrapassando o Reino Unido, de acordo com dados do FMI. Acresce que o país em 2022 e 2023, o país teve um crescimento do Produto Interno Bruto da ordem dos 7,2%, um dos mais elevados do mundo.
A consolidar-se como uma das economias que mais crescem vai ultrapassar os EUA no horizonte de 2050. No mesmo sentido, um relatório referenciado pela revista económica Business Standard, em 2080, a índia, deverá tornar-se na primeira economia do mundo com um PIB “90% maior do que o da China e 30% maior do que o dos EUA”.
De realçar, também, o Brasil, que surge em 5º lugar no rankink das 10 das superpotências económicas em 2050, denotando que apesar dos complexos problemas com que sistematicamente se confronta, como sejam a corrupção e a inflação, possui recursos naturais muito importantes e em quantidade significativa, sendo muito forte na agricultura, na manufatura e na mineração, além de que é o sétimo país mais populoso do mundo com 216 milhões de habitantes. Por fim, uma nota de destaque para o México que, em 2050, deverá afirmar-se como a 7ª maior economia do mundo, logo atrás da Rússia, sustentada pelas exportações e pela força da sua indústria transformadora.