Joaquim Bispo, escritor diletante, http://vislumbresdamusa.blogspot.com/
- À uma o Martim faz um aninho e vamos todos cantar-lhe os parabéns! - anuncia o pai da criança no almoço de festa.
- Quase um ano… - corrige o tio Francisco.
- Como assim, tio? Eu estava lá…
- Não digo o contrário, mas não passa um ano à uma. Aliás, é por isso que este mês tem 29 dias.
Os familiares já sabem que vem aí “parecer técnico”:
- A viagem da Terra à volta do Sol dura 365,2422 dias. Nem 365, nem 366. O ano do nosso Martim completa-se só lá perto das 19 horas.
- Contas agora não, tio! - insurge-se a mãe da criança.
- Isto é muito interessante. O calendário de Júlio César estipulava um ano de 365 dias, mas, a cada 4 anos, inseria-se um dia extra junto ao sexto dia das calendas de março. É daí que vem a designação de “bissexto”. E de calendas derivou calendário.
- Então, era igual ao nosso! - atreve-se um dos miúdos.
- Quase! - esmiúça o tio, puxando de uma esferográfica e um guardanapo de papel. - O rigor era razoável: 365,25 dias. A diferença era pequena, mas, com o passar dos séculos, o desfasamento tornou-se excessivo. Em 1582 adotou-se o calendário gregoriano, derivado do nome do Papa. Mas o ajuste implicou saltar 10 dias. Do dia 4 de outubro saltou-se para o dia 15.
- E isso resolveu o problema? - capitula o pai do aniversariante.
- Não, mas minorou-o. O calendário gregoriano estipula: O ano tem 365 dias; Se o ano for divisível por 4, e não for fim de século, acrescenta-se um dia a fevereiro. Por exemplo, este ano - 2024 - é bissexto; Se o ano for fim de século e divisível por 400 - por exemplo 2000 -, o ano é bissexto. Caso contrário, mantém os 365 dias. É o caso dos anos de 1700, 1800, 1900, 2100, que são divisíveis por 4, mas não por 400.
O tio remata o raciocínio:
- Assim, o tamanho médio do ano do nosso calendário é de 365,2425 dias. Mesmo com esta “ginástica” toda, ainda há que saltar um dia a cada 3333,(3) anos!
É a avó Celeste que quebra o silêncio que se faz:
- Sendo assim, não custa nada adiar os parabéns para mais logo. É preciso é estarmos juntos!