O presidente do Chega considerou hoje que os portugueses deram à direita um mandato para governar Portugal e defendeu que só um partido «muito irresponsável» deixará o PS governar, insistindo num acordo de governo com o PSD.
"O povo disse que a direita tem de governar e pediu à direita para governar. O nosso mandato, portuguesas e portugueses, é para governar Portugal nos próximos quatro anos", afirmou André Ventura.
O líder do partido discursava no hotel que o Chega escolheu para acompanhar a noite eleitoral, depois de conhecidos os resultados provisórios que dão mais de um milhão e 100 mil votos ao Chega e pelo menos 46 deputados.
O líder do Chega disse que fará "todo o esforço possível para ter um governo alternativo ao PS nos próximos anos", porque Portugal não pode "ter mais quatro anos de socialismo".
André Ventura afirmou também que sai destas eleições legislativas uma "maioria clara" entre o Chega e o PSD.
"Não é o que quereríamos, mas é o que o país tem neste momento. Só um líder e um partido muito irresponsável deixarão o PS governar quando temos na nossa mão a possibilidade de fazer um governo de mudança", defendeu.
O presidente do Chega considerou que o Chega teve uma "grande noite" e destacou que o seu partido "ultrapassou historicamente um milhão de votos" e "quadruplicou os resultados eleitorais". Enquanto dizia isto, os apoiantes gritaram "vitória, vitória".
André Ventura reiterou esta noite "acabou o bipartidarismo em Portugal" e destacou que o Chega venceu no distrito de Faro.
"O povo transmitiu hoje uma mensagem poderosa ao coração da democracia. Não quer passado, nem desfile de passado, nem de esqueletos. Os portugueses querem futuro e votaram no único partido que lhes deu e lhes garantiu esse futuro", assinalou.
Apontando que "o Chega pediu para se tornar na peça central do sistema político e alcançou esse resultado", o líder do Chega alertou que "pode bloquear tudo, do qual dependerá [a aprovação do] Orçamento do Estado]", mas saberá também "ser responsável e saberá ceder em algumas coisas".
André Ventura disse ainda não ter falado com o presidente do PSD, Luís Montenegro, e insistiu num acordo de governo: "Amanhã eu tentarei levar a cabo o poder que os portugueses me deram, a mim e ao Chega, para dizer que temos condições de criar um governo".
Questionado se vai exigir que o Chega integre esse governo, remeteu para mais tarde, após reunir os órgãos do partido.
O presidente do Chega afirmou que o seu "grande adversário, o PS, perdeu estas eleições" e assinalou que o "PSD coligado com o CDS ficará igual ou pouco acima do que teve Rui Rio sozinho em 2022", reivindicando que "só há um vencedor, é o Chega".
"Esta é uma vitória que tem de ser ouvida em muitos locais deste país esta noite. Tem de ser ouvida no Palácio de Belém, onde um Presidente da República procurou à última hora condicionar o voto dos portugueses", atirou, com respostas de "vergonha, vergonha".
Ventura salientou que os eleitores "sabiam o que queriam", não se deixaram condicionar, e "disseram direitinho ao Palácio de Belém quem escolhe são os portugueses".
André Ventura disse que no domingo "houve também um ajuste de contas com a História no pós 25 de Abril" com um "país que durante décadas foi asfixiado, dominado, manipulado, atrofiado pela extrema-esquerda e pela esquerda", defendendo que a "extrema-esquerda foi reduzida à sua insignificância".
"A menos que o PSD se vergue a ela, começaremos já amanhã a libertar Portugal da extrema-esquerda e da esquerda", indicou.
No palco montado numa das salas do hotel, e perante cerca de 300 apoiantes, dirigentes e eleitos que bateram palmas e gritaram "Chega, Chega", "Ventura, Ventura", quando entrou, o líder do Chega mostrou-se convicto de que o seu partido "vai mesmo vencer" as eleições legislativas num futuro próximo.
O líder do Chega alegou ainda que o seu partido foi o “mais perseguido em toda a história da democracia portuguesa” e disse esperar que jornalistas e comentadores “engulam algumas palavras que disseram”. Logo depois, cumprimentou aqueles "que fizeram o seu trabalho de forma isenta".
André Ventura queixou-se também das sondagens e desafiou “alguns diretores de empresas de sondagens a demitirem-se”.
Lusa