Fotos © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Conselho Geral da Cáritas em Faro alertou para «situação do apoio a migrantes em Portugal»

10:14 - 21/03/2024 ALGARVE
No final do seu Conselho Geral, que decorreu no Algarve, a Cáritas Portuguesa alertou para «a atual situação do apoio a migrantes em Portugal», considerado que «a forma como está a ser feito o acompanhamento a quem chega» ao país «levanta preocupações» que «foram debatidas» naquele órgão.

Nas conclusões da reunião, que decorreu em Faro no Seminário de São José, a Cáritas acrescentou ainda que, “tendo sempre a pessoa e as suas necessidades no centro da sua missão”, “tem vindo a desempenhar todo o trabalho para o qual carece de recursos humanos, financeiros e/ou materiais”. A instituição católica alertou ainda o Estado que, “estando disponível para continuar a colaborar”, “está neste momento a atingir o limite da sua capacidade”.

“Tendo a Cáritas um papel supletivo, não poderá continuar a substituir-se às competências do Estado”, advertiu, considerando ser “urgente que se conheça a estratégia dos recursos para garantir uma resposta a estas pessoas e famílias, respeitando a sua liberdade de partir ou de ficar”.

O encontro, que se realizou desde sexta-feira, 15 de março, até hoje, foi presidido por D. José Traquina que é também presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana da Conferência Episcopal Portuguesa e contou com a participação de 19 das 20 Cáritas que compõem a rede da instituição em Portugal. O Conselho Geral incluiu a aprovação dos relatórios de atividades e contas referentes a 2023 e elegeu os representantes na Comissão Permanente.

“Face à experiência positiva e construtiva na dimensão do trabalho em rede, partilha de boas práticas e consolidação do espírito de equipa, realizada através das comunidades de práticas já existentes, a rede Cáritas dará início a duas novas comunidades: comunicação/campanhas e grupos Cáritas paroquiais”, foi também anunciado.

“Resultado de um processo de construção em rede, o Conselho Geral tomou contacto com os indicadores de referência para o Quadro Estratégico 2024/2030 e que têm como objetivo ser uma base de monitorização para a sua implementação”, acrescentou-se.

A Cáritas decidiu também que, “face às dificuldades que vão sendo identificadas no atual SGASP – Sistema de Gestão da Ação Social de Proximidade, a sua não integração com outros programas em uso e a dificuldade na utilização abrangente pela rede capilar, foi tomada a decisão de identificar uma nova ferramenta de recolha de informação que seja capaz de facultar um conhecimento mais sólido e atualizado da realidade da rede Cáritas em Portugal”.

A Cáritas realiza anualmente dois conselhos gerais, um itinerante pelas dioceses e outro em Fátima. O primeiro Conselho Geral de 2025 vai realizar-se-á na Diocese de Angra e o primeiro de 2026 na Diocese da Guarda.

Na Eucaristia na Sé de Faro, que encerrou o Conselho Geral, presidida pelo bispo do Algarve, D. Manuel Quintas reafirmou o que já tinha dito na sessão de abertura, que aquele acontecimento na diocese algarvia “constitui um apelo” ao “testemunho cristão pelo serviço, pela doação e pela entrega aos outros”. O bispo diocesano aludiu a “tudo aquilo que a Cáritas constitui a tantas pessoas, procurando dignificar a vida de tantos irmãos” que “sofrem a exclusão, a fome, a pobreza que não deixa viver com dignidade”.

“A vida de um voluntário que se entrega generosamente ao serviço dos outros, de quem se dá sem reservas, de quem luta por todos os meios ao seu alcance pela inclusão social, pelo combate a todas as formas de pobreza e de solidão, são medidas que transportam em si o fruto da plenitude da eternidade”, referiu na homilia, realçando as “vidas transformadas pelo amor de que a Cáritas no todo nacional e em cada diocese constituem apelo e testemunho”.

“Só com o coração transformado pelo amor poderemos pensar, decidir e agir de acordo com as propostas que temos e os apelos dos irmãos, particularmente os mais frágeis aos quais faltam as condições mais elementares para viver com dignidade”, concluiu na Eucaristia concelebrada por D. José Traquina, pelo padre José Manuel Pereira de Almeida, assistente da Cáritas que também participou no Conselho Geral, pelos cónegos Carlos de Aquino, assistente da Cáritas Diocesana do Algarve, e Rui Barros Guerreiro, pároco da Sé de Faro.

 

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo