Falta de verba para a dessalinizadora - Algarve

15:30 - 08/08/2024 ALGARVE
Plataforma Água Sustentável (PAS) considera significativa a informação fornecida por responsáveis oficiais da insuficiência de verbas para financiar a construção da central de dessalinização de água no mar do Algarve
A Associação de Municípios do Algarve (AMAL) através do seu presidente António Miguel Pina,  afirmou  que o processo da futura Central Dessalinizadora "não tem cabimento para a totalidade do custo que foi proposto para concurso". Esta informação foi confirmada posteriormente pela Ministra do Ambiente.
 
Dos cerca de 108 milhões, no limite, «apenas metade tem financiamento. Desde que a infraestrutura foi pensada até ao momento do lançamento do concurso, há um aumento de quase 50 por cento dos custos. ... isso levaria a um aumento brutal, do valor da pagar pela água, se tivéssemos que incorporar na tarifa os 50 milhões em falta»- afirmou o presidente da AMAL.
 
Parecia que por fim as entidades tinham chegado a uma conclusão lógica de que este investimento não tem cabimento dado o elevado custo para os efeitos que consegue. 
 
Nesta situação, em particular, percebe-se a total falta de lógica que há na gestão do dinheiro público. Qualquer plano de negócios carece de um estudo de viabilidade económica. Se o plano foi aprovado assumindo um determinado custo e agora o custo aumentou para o dobro, fica evidente que o plano não se pode executar pois deixa de ser viável. Este é o “bê-á-bá” para qualquer empresa e deveria ser também para o estado que gere o dinheiro público.
 
Outra falta de lógica existe em  o Sr. presidente da AMAL, que justifica a construção de uma dessalinizadora dada a situação de seca extrema que vivemos nos últimos anos, afirmar que o aliviar das restrições no consumo da água no Algarve “foi uma decisão equilibrada”. 
 
Afinal, precisamos de água ou não? Ou só precisamos para justificar a construção da dessalinizadora?
 
No entender da PAS a AMAL não pode ter dois pesos e duas medidas para um mesmo problema, defendendo o alívio das restrições ao consumo de água ao mesmo tempo que alega a necessidade de construção da dessalinizadora, bem como de novas infraestruturas de armazenamento como a Barragem da Foupana.
O presidente  da AMAL também afirma, sem apresentar as fontes dessa firmação, que" as evidências dos últimos 10 anos demonstram que a pluviosidade que cai no nordeste algarvio é maior que no passado e aquela ribeira (Foupana) debita uma grande quantidade de água. Se pudermos aproveitar alguma da dessa água que cai, nem que seja, meia dúzia de vezes ao ano, de enxurrada, estamos a falar em 10 a 20 hectómetros cúbicos por ano. É um reforço significativo.”
Tal afirmação não corresponde de todo à verdade uma vez que os dados disponibilizados no Portal do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos – SNIRH (http://snirh.pt), confirmam a tendência de redução da precipitação na última década.
 
Além de que, aumentar a disponibilidade de água através da exploração de novas fontes, como a construção de Centrais de Dessalinização, a captação de água no Pomarão para reforço da barragem de Odeleite e a construção da barragem da Foupana, pode parecer a solução perfeita para o problema da seca e da escassez hídrica. Mas o aumento da disponibilidade de água leva ao incremento do consumo e a danos acrescidos nos ecossistemas, que dependem da disponibilidade de água doce.  Espanha tem o maior armazenamento em barragens per capita da Europa, transvases entre várias Bacias Hidrográficas, e 765 dessalinizadoras em funcionamento, mas enfrenta problemas de escassez de água muito mais graves que Portugal. 
 
Estes são alguns dos motivos pelos quais a PAS tem vindo a opor-se veementemente relativamente a este tipo de “soluções”.
Por isso a PAS congratula-se com o lançamento do novo aviso, no valor de 6,6 milhões de euros, para apoiar investimentos no âmbito da medida «Medida SM1 – Reduzir Perdas de Água no Sector Urbano», com financiamento do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR). 
 
A redução da perdas nas redes  de distribuição nos sectores urbano e agrícola, a par da reutilização das águas residuais  são alguns de vários outros caminhos que a PAS tem vindo, desde início, a defender como solução para o problema, sem criar novos problemas sociais, económicos e ambientais.
 
 
Por: PAS